Portugal não musicou um final feliz na provável última dança de Pepe e Ronaldo em solo europeu
Jogo sofrido terminou com um fado triste nos penáltis. França segue em frente e portugueses fazem a mala para regressar ao País natal.
Acabou o sonho. Da mesma marca onde Portugal tinha conseguido a passagem sofrida para os quartos, contra a Eslovénia, não foi possível, desta vez, repetir a glória, com os irredutíveis gauleses.
As lágrimas e a emoção de Diogo Costa no último encontro foram substituídas pela desilusão patente no rosto de João Félix, que falhou o derradeiro remate de um encontro tão longo quanto sofrido, mas no qual Portugal tentou sempre contrariar o fado ao qual parecia destinado.
A primeira-parte começou dividida com a posse de bola dividida pelas duas equipas, que, com respeito pelo adversário, tentavam aproximar-se da baliza contrária.
Do lado português, era Rafael Leão que musicava as incursões ofensivas, com sucessivos desiquilibrios pelo lado esquerdo. Koundé passou mal para calar o extremo habituado a dar música.
No meio-campo, Vitinha assumiu sempre o papel de maestro e tentou levar Portugal para o golo com o pé a servir melhor que qualquer batuca.
Apesar das aproximações portuguesas, os franceses remataram primeiro. Theo Hernandez chutou de meia distância para colocar à prova Diogo Costa. Estava atento o guarda-redes, que evitou que os gauleses cantassem de galo.
Os desequilíbrios pela esquerda continuavam infrutíferos. Do outro lado, França não fazia melhor. Em cima da meia hora de jogo, os franceses tentaram por duas vezes, mas Camavinga chutou por cima e Pepe travou as intenções de Kolo Muani.
Até ao final da primeira parte, foram os adeptos portugueses a dar voz à fé portuguesa. Em campo, Bruno Fernandes rematou por cima num livre em que Cristiano Ronaldo se perfilava para bater.
Roberto Martínez e Didier Deschamps mantiveram os protagonistas na esperança de ouvir o som mais esperado. O festejo dos adeptos.
Rafael Leão ia continuando a afinar no momento de arrancar, mas os solos não eram ouvidos com agrado pelo público. Continuava a faltar uma nota de golo.
Hernandez ainda tentou atacar a área portuguesa, mas cruzou para terra de ninguém. No momento em que o futebol seguia em crescendo, Vitinha, novamente ele, ficou perto do golo, mas Maignan evitou a festa, e ainda foi a tempo de parar o golo, com nota artística, de Cristiano Ronaldo, que rematou de calcanhar.
O cansaço dos protagonistas deixava espaço para mais ataques e a orquestra francesa também teve voz. Kolo Muani esteve perto, mas Rúben Dias não estava para conversas e cortou 'in extremis'. Dembelé e Camavinga também tentaram impor o triste fado português, mas a bola não beijou as redes.
A precisar de mais música, Francisco Conceição e Nélson Semedo foram lançados para o campo. O 'espalha-brasas' aumentou o ritmo português e o timbre soou diferente.
Irrequieto, tentou por várias formas chegar ao golo, mas este nunca apareceu. Até final dos 90 minutos, Portugal ainda tentou de livre, mas Ronaldo acertou na barreira. Mbappé e Kanté remataram para Diogo Costa encaixar.
Antes disso, Pepe voltou a mostrar que, aos 41 anos, está na flor da idade, com um corte imperial muito festejado ao jovem Kolo Muani. No tempo regulamentar, foi novamente Chico Conceição a assumir as rédeas dos ataques portugueses.
Com a intensidade a nunca ser traduzida em golos, chegaram os penáltis. Mas aí, a música não soou como da última vez. A lotaria sorriu aos franceses, que benefeciaram de um remate ao poste de João Félix, lançado no decorrer do prolongamento.
Termina assim o sonho português naquela que pode ter sido a última dança de Cristiano Ronaldo e Pepe. Os portugueses fazem a mala de cartão e estão de regresso ao país natal.
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