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Artigo exclusivo

O divã é redondo

O nosso divã coletivo de psicanálise cabe numa bola de futebol.

27 de junho de 2024 às 00:30

Quando ganhamos está tudo bem, quando perdemos está tudo mal. O nosso divã coletivo de psicanálise cabe numa bola de futebol. Agora imaginem os ucranianos que vivem uma guerra terrível e já foram para casa sem vislumbre de glória desportiva. Ou os croatas, eliminados, depois de terem vindo a Portugal ganhar à nossa seleção. Com que estado de espírito estarão os cidadãos destes países? O nosso problema, agora, é o de ficar em primeiro no grupo porque corremos o risco de apanhar com tubarões como a Espanha e a França. Às tantas, mais valia quedar-nos pelo segundo lugar ou andar de calculadora de mão, de empate em empate, pedindo até a intervenção divina. O facto de termos nascido, enquanto nação, da ação de um filho que se indispôs com a mãe pode fornecer-nos a matriz freudiana com que olhamos para a nossa existência coletiva, em especial para o futebol e a performance da seleção. Em resumo, o nosso contentamento é sempre descontente.

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