Hamas recusa desarmar e compromete paz em Gaza

Enviado do CM foi um dos primeiros jornalistas internacionais a entrar no enclave palestiniano após o cessar-fogo e a testemunhar a destruição causada por dois anos de guerra.

20 de novembro de 2025 às 01:30
Ataques israelitas fizeram mais de 65 mil mortos e arrasaram grande parte do território Foto: Alfredo Leite
Militares israelitas na ‘zona amarela’, para onde se retiraram após o cessar-fogo Foto: Alfredo Leite
Alfredo Leite foi o primeiro jornalista português a entrar em Gaza após o fim da guerra entre Israel e o Hamas Foto: Alfredo Leite

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Israel autorizou na quarta-feira a entrada de um grupo de jornalistas na Faixa de Gaza numa ação inédita, iniciada este mês, após mais de dois anos de guerra no território palestiniano. O CM integrou o grupo restrito de nove meios de comunicação internacionais que testemunharam a destruição no território transformado num imenso monte de entulho, onde não ficou pedra sobre pedra e onde mais de 65 mil palestinianos morreram na guerra desencadeada após o ataque do Hamas contra Israel. Na ação dos radicais palestinianos, 1200 pessoas morreram e 251 foram raptadas.

Alguns dos sequestrados, já sem vida, ainda se encontram na posse do Hamas. Os reféns são, de resto, uma das últimas armas dos radicais que na quarta-feira, segundo o Exército israelita, invadiram a restrita linha amarela que demarca o controlo israelita em Gaza.

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O Hamas não desarmou, mesmo com o cessar-fogo, e está à espera de poder matar mais judeus”, disse ao CM Nadav Shoshani, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), que acompanhou os jornalistas em Gaza.

O oficial admite que esta é uma “situação preocupante” não só para Israel, mas “também para toda a estabilidade da região”. O desenvolvimento dos próximos passos da proposta do Presidente norte-americano para a paz em Gaza pode estar em risco se o Hamas não desarmar. Esta é uma das condições para a retirada israelita e o início da reconstrução do território. Não será tarefa simples. Visto do interior de Gaza, a outrora cidade vibrante do Mediterrâneo é hoje um inacreditável monte de entulho.

O CM esteve junto à delimitação na chamada zona amarela e é possível observar nesta zona interdita palestinianos a deambular entre os destroços dos violentos ataques dos israelitas. Os militares relativizam este facto. “São poucos os palestinianos civis que cruzam a linha amarela”, mas já do Hamas não poderá afirmar o mesmo. “O Hamas continua a trazer armas para Gaza e apesar dos nossos esforços a rede de túneis ainda é considerável.” A destruição destas infraestruturas, recorde-se, foi durante muito tempo a justificação para que o Exército de Israel liquidasse Gaza.

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Apesar das tentativas, não foi possível desta vez chegar à fala com palestinianos. A circunstância de se tratar de uma zona de combate justifica, para as FDI, o impedimento colocado aos jornalistas, que só observaram a inimaginável destruição da Cidade de Gaza sempre rigorosamente vigiados pelos militares. Também o conteúdo gráfico foi vistoriado não editorialmente, mas para garantir que, nomeadamente, não eram identificados locais críticos ou rostos de militares.

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