Papa alerta para risco de se ignorar emergência humanitária em Gaza após "notícias alarmantes" do Médio Oriente

Leão XIV declara que "não existem conflitos longínquos quando a dignidade humana está em jogo".

22 de junho de 2025 às 13:36
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O Papa Leão XIV alertou, este domingo, para o risco de se ignorar a emergência humanitária em Gaza, um território palestino devastado por mais de 20 meses de ataques pelas forças israelitas.

Depois de dizer que "hoje mais do que nunca, a humanidade clama pela paz" perante as novas "notícias alarmantes vindas do Oriente Médio", depois dos ataques dos Estados Unidos contra o Irão, o Papa lembrou que "o sofrimento diário das populações corre o risco de ser esquecido, particularmente em Gaza".

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Em Gaza, alertou o Papa, "a urgência de ajuda humanitária torna-se cada vez mais premente", falando no final da oração semanal do Angelus no Vaticano, referindo um "contexto dramático", que inclui Israel e Palestina, e declarando que "não existem conflitos longínquos quando a dignidade humana está em jogo".

O Papa Leão XIV lamentou ainda as "notícias alarmantes vindas do Médio Oriente" e realçou que "a humanidade clama por paz", pedindo diplomacia para "silenciar as armas".

Na sequência dos últimos acontecimentos na região, com os Estados Unidos a entrarem na ofensiva militar conduzida por Israel contra o Irão, o Papa vincou: "Cada membro da comunidade internacional tem a responsabilidade moral de acabar com a tragédia da guerra antes que ela se torne um abismo irreparável."

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A reivindicação pela paz "é um grito que exige responsabilidade e razão e que não deve ser abafado pelo choque de armas e discursos que incitam o conflito", afirmou Leão XIV, diante de milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro.

A ONU revelou, na sexta-feira, que mais de 5.100 crianças de Gaza, entre os seis meses e os 5 anos, foram internadas para tratamento de desnutrição aguda em maio, enquanto Israel bloqueia a ajuda ao enclave retendo quase 1.000 camiões.

Esse número de crianças representa um aumento de quase 50% em comparação a abril e um aumento de 150% face a fevereiro, quando houve um breve cessar-fogo, indicou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, citando dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

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Também referiu que há o equivalente a 1.000 camiões com produtos de saúde, nutrição e outros fora das fronteiras do enclave palestiniano "prontos para serem entregues" e que a UNICEF está atualmente a distribuir "os poucos produtos nutricionais que consegue para a Faixa de Gaza" e "apelou a Israel para que autorize urgentemente a entrega de ajuda vital".

O Ministério da Saúde de Gaza, tutelado pelo grupo extremista Hamas, estima que o número de mortos na ofensiva israelita, que começou em outubro de 2023, superou os 55.600 mortos e 129.880 pessoas feridas.

A estes números juntam-se os cerca de 11.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

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A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

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