PS e Livre condenam ataque contra navio português na flotilha para Gaza

No navio viaja a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício.

17 de setembro de 2025 às 00:00
Flotilha humanitária Foto: AP Photo/Anis Mili
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PS e Livre condenaram esta terça-feira no parlamento "o ataque" contra um navio de bandeira portuguesa que integra a flotilha que pretende levar ajuda humanitária a Gaza, enquanto a direita quer ver esclarecidas as circunstâncias do incidente.

A discussão, no âmbito da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, surgiu na sequência de um voto de condenação, da iniciativa do Livre, sobre "o ataque" contra o navio "Família Madeira", que integra a Flotilha Global Sumud, "afirmando a solidariedade [da Assembleia da República] com todas as pessoas envolvidas na missão humanitária em curso".

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No passado dia 09, a flotilha difundiu um vídeo que mostrava um disparo que desce do alto e a imagem e som de um impacto, e que identificou como um ataque de drone contra o navio, que pegou fogo, quando estava atracado no porto de Sidi Bou Said, nos arredores de Tunes, capital da Tunísia.

Num segundo vídeo, com imagens de outro ângulo, percebe-se que dois ativistas -- um deles o português Miguel Duarte - não foram atingidos por pouco.

Neste navio viajavam também a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, e a atriz Sofia Aparício, mas não se encontravam na embarcação naquele momento.

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"É preciso um esclarecimento cabal sobre a autoria, ... [mas] parece um ataque de um país estrangeiro [Israel] a um navio com bandeira portuguesa, com um cidadão português a bordo e num porto de um país terceiro", afirmou o deputado do Livre Jorge Pinto.

"Se continuamos a tolerar o cruzar de linhas vermelhas, o direito internacional perde o seu valor. Se continuamos a desvalorizar os relatórios das comissões independentes da ONU [como a que hoje acusou Israel de cometer genocídio em Gaza], deixa de haver limites", defendeu, argumentando: "Acreditamos no direito internacional e esta condenação é uma obrigação do parlamento português".

Pelo PS, João Torres considerou que o navio foi alvo de "um ataque deliberado" que "merece condenação".

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Além disso, o socialista lembrou que o Estado português tem o dever de prestar assistência, ao abrigo das convenções internacionais, adiantando que o PS questionou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, sobre que diligências o Governo tomou nesse sentido.

O deputado do PS respondia assim a Paulo Neves (PSD), que antes afirmara que a flotilha é "uma iniciativa da sociedade civil e não vincula qualquer Estado, desde logo Portugal", antes de considerar que "os detalhes são muito escassos".

Diogo Pacheco Amorim, do Chega, disse que "não há provas conclusivas de que tenha ocorrido um ataque à flotilha dita da liberdade", considerando que o incidente pode até ter sido causado por "um isqueiro ou um cigarro".

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A declaração mereceu um reparo do deputado do Livre, que perguntou: "Parece-nos normal que um barco civil possa ser bombardeado sem razão aparente? Alguém acharia normal se fosse um ataque contra um barco comercial e viria com piadinhas dizendo que se calhar foi um cigarro?".

A votação, em sede de comissão, foi adiada para a próxima semana.

Ainda na reunião, o Chega viu chumbado, com os votos contra do PS e Livre e abstenção do PSD e Iniciativa Liberal, um projeto de congratulação à administração do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo "combate ao tráfico internacional de estupefacientes".

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"Não é um 'trumpismo' militante, mas o reconhecimento do seu combate contra esse malefício que é a droga", argumentou Pacheco Amorim.

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