Para Benjamin Netanyahu e Israel Katz, as alegações divulgadas no jornal "são mentiras maliciosas destinadas a difamar as FDI".
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, rejeitou relatos hoje divulgados pelo jornal Haaretz, segundo os quais militares das Forças de Defesa de Israel (FDI) receberam ordens para disparar contra civis em centros humanitários na Faixa de Gaza.
"O Estado de Israel rejeita categoricamente as acusações hediondas de assassínio ritual publicadas no jornal Haaretz", escreveu Netanyahu num comunicado conjunto com o seu ministro da Defesa.
Para Benjamin Netanyahu e Israel Katz, as alegações divulgadas no jornal "são mentiras maliciosas destinadas a difamar as FDI, o Exército mais moral do mundo", acrescentou o comunicado.
A acusação de "assassínio ritual" é uma expressão caluniosa antissemita que remonta pelo menos à Idade Média, alegando que os judeus matam crianças não judias para fins da sua religião.
O Haaretz, jornal crítico dos conflitos de Israel na região, publicou hoje uma investigação intitulada "É um campo de extermínio: soldados das FDI mandados disparar deliberadamente sobre os residentes de Gaza desarmados que aguardavam ajuda humanitária".
No artigo, o diário cita vários militares, falando sob anonimato, com relatos de que tinham recebido ordens dos seus comandantes para disparar sobre multidões reunidas perto de centros de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
"Onde eu estava destacado, entre uma e cinco pessoas eram mortas todos os dias. Eram tratadas como uma força hostil: sem medidas de controlo de multidões, sem gás lacrimogéneo, apenas balas disparadas de tudo o que se possa imaginar - metralhadoras pesadas, lança-granadas, morteiros", descreveu um militar ao Haaretz.
De acordo com os soldados e militares entrevistados, as forças israelitas disparam contra aqueles que chegavam antes do horário de funcionamento dos centros de ajuda --- por vezes dezenas de milhares que caminhavam quilómetros à noite --- para evitar que se aproximassem prematuramente, e novamente após o encerramento para os dispersar.
Em diversas ocasiões, o Exército israelita reconheceu ter disparado "tiros de aviso" contra palestinianos que alegadamente se desviaram da rota estabelecida ou que acreditavam representar "uma ameaça".
Abrimos fogo de manhã cedo se alguém tentar invadir a centenas de metros de distância, e às vezes simplesmente atacamos à queima-roupa", relatou outro soldado ao Haaretz, referindo que "não está certo que os comandantes estejam a fazer justiça pelas suas próprias mãos", ao mesmo tempo que descreve a Faixa de Gaza como "um universo paralelo".
O Haaretz escreveu que o procurador-geral militar encarregou um órgão interno 'ad hoc' do Exército de investigar "alegados crimes de guerra" nos incidentes perto destes centros, que foram entregues à Fundação Humanitária de Gaza (FHG), uma controversa organização apoiada por Israel e Estados Unidos.
A fundação nega estes incidentes, apesar da divulgação de vídeos captados nos locais e de relatos de palestinianos feridos a afluir a hospitais próximos, a maioria com ferimentos de balas.
O Exército israelita também já negou as alegações descritas no jornal.
"É importante realçar que as ordens proíbem ataques deliberados contra civis", afirmou um comunicado militar, acrescentando que os incidentes recentes estão sob investigação.
As forças israelitas indicaram ainda que estão em curso "processos sistemáticos de aprendizagem" para melhorar a resposta operacional na área e minimizar, "na medida do possível, o potencial atrito" com a população civil, incluindo a instalação de novas vedações e sinalização e rotas adicionais.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, 549 pessoas morreram e cerca de quatro mil ficaram feridas perto de centros humanitários e em áreas onde os habitantes esperavam por camiões de alimentos da ONU desde que a FHG começou a operar no enclave, há um mês.
O Governo de coligação de direita e extrema-direita israelita acumula episódios de tensão com o Haaretz, jornal progressista de esquerda e um dos mais lidos do país, que foram agravados com a divulgação do chamado "Qatargate" e suspeitas de corrupção de figuras próximas de Netanyahu.
Em novembro do ano passado, o Haaretz indicou que executivo tinha dado ordem para suspender a publicidade estatal, assinaturas financiadas pelo Estado e quaisquer contactos com o jornal.
O conflito foi desencadeado em 7 de outubro de 2023, após um ataque do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, que fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 56 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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