Militares do posto avançado de Nahal Oz, junto à fronteira com Gaza, denunciaram repetidamente movimentações terroristas que antecederam o ataque.
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Pouco depois das 06h29 do dia 7 de outubro de 2023, a soldado observadora Daniella Gilboa enviou um vídeo ao namorado onde ela e outras colegas militares do posto avançado de Nahal Oz se amontoavam, de pijama e em pânico, no ‘bunker’ da pequena base colada à Faixa de Gaza. A mensagem era curta, mas dava para escutar explosões e rajadas de metralhadora. Só mais tarde a família acabaria por descobrir que Daniella estava viva depois de ter sido sequestrada por guerrilheiros do Hamas na sequência da mais espetacular, inesperada e mortífera operação daquele movimento radical palestiniano contra Israel. Muitas companheiras de armas de Daniella tiveram pior sorte e outras foram igualmente levadas para o cativeiro nos túneis de Gaza. Uma ainda lá está.
Daniella Gilboa, Karina Ariev, Naama Levy e Liri Albag, que foram libertadas no passado sábado depois de 476 dias nas masmorras do Hamas, serão das poucas pessoas a quem o ataque de 7 de outubro surpreendeu, mas não muito. As militares da base de Nahal Oz, localizada a umas centenas de metros da cerca que divide Gaza do deserto do Negev, em Israel, faziam exclusivamente a observação dos movimentos do outro lado da barreira. Meses antes do ataque, a unidade composta exclusivamente por mulheres desarmadas alertou para a existência de movimentos cada vez mais frequentes e suspeitos no outro lado da cerca. Os alertas, aparentemente, não foram ouvidos.
Omer Keinan tinha 20 anos quando diz ter visto como o Hamas se preparava: “Eles corriam e depois rastejavam. E nós alertámos sobre tudo”, revelou há meses à imprensa internacional. Apesar de ter a mesma idade, Yael Kochavi supervisionava o trabalho das militares. Quinze dias antes do 7 de outubro, elaborou relatórios alertando para o aumento da presença de palestinianos junto à cerca separadora em missões que configuravam treino. Nada foi feito.
O massacre do Hamas matou mil e duzentas pessoas nas pequenas cidades e ‘kibbutz’ junto a Gaza, fez 250 reféns, dos quais cerca de 90 ainda estão no cativeiro dos radicais palestinianos. Um terço estará já sem vida. A guerra que Israel declarou ao Hamas matou mais de 47 mil pessoas em Gaza, maioritariamente mulheres e crianças. Reduziu o outrora vibrante território a escombros, incluindo hospitais e escolas. A ajuda humanitária para mitigar a fome só agora começou a chegar no âmbito do cessar-fogo acordado entre Israel e o Hamas.
Trump quer retirar palestinianos de Gaza e enfurece países árabes
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu ontem a deslocação dos dois milhões de palestinianos que sobrevivem na Faixa de Gaza para as nações vizinhas, nomeadamente Jordânia e Egito, como forma de “limpar” o território. A declaração de Trump deixou margem para equívocos ao não explicar se a deslocação era permanente ou temporária. “Estamos a falar de um milhão e meio de pessoas. Simplesmente limparemos tudo isso”, disse o recém-empossado Presidente, que classificou o território palestiniano como “local de demolição”. A medida foi de imediato apoiada pelos setores ortodoxos do Executivo israelita. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que sustenta a coligação de Benjamim Netanyahu, disse a uma rádio de Telavive tratar-se de uma “excelente ideia”. Na Jordânia e no Egito, países que mantêm boas relações com Israel, a ideia foi rejeitada. Para o ministro jordano dos Negócios Estrangeiros, o reino é “firme e inabalável” contra o deslocamento de palestinos. Recorde-se que na Jordânia vivem já mais de dois milhões de refugiados palestinianos. O diário israelita ‘Haaretz’ citou fontes do Governo egípcio que também se opõe ao plano. A declaração de Trump surge num momento em que Israel e Hamas trocam acusações de incumprimento dos termos do frágil cessar-fogo que tem permitido a libertação de reféns detidos em Gaza há 477 dias. O Hamas, por sua vez, também já prometeu oposição a qualquer ação que implique a saída dos palestinianos de Gaza, deslocação que a ser definitiva comprometeria a criação de um Estado palestiniano.
Forças israelitas matam mais de 20 civis no Sul do Líbano
As forças israelitas dispararam ontem sobre centenas de civis que tentavam regressar às suas casas no Sul do Líbano na data prevista no acordo de cessar-fogo para a retirada das tropas de Israel da região. Segundo o último balanço, pelo menos 22 pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas em vários incidentes ao longo da linha de demarcação. Israel diz que as suas forças dispararam “tiros de aviso” e acusou o Hezbollah de provocação. O acordo de cessar-fogo previa a retirada das forças israelitas do Sul do Líbano até ontem, mas Israel avisou que não ia cumprir o acordado porque o Exército libanês ainda não tinha ocupado as posições acordadas para impedir o regresso do Hezbollah.
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