Brigada ucraniana vigia e ataca Rússia com drones
Drones usados para atacar as posições russas podem levar até 700 gramas de explosivos.
A multiplicação de ataques com mísseis e drones contra cidades e infraestruturas estratégicas na faixa costeira da Ucrânia, entre os ‘oblast’ de Mykolaiv e Odessa, leva a precauções redobradas. “Temos de nos deslocar do nosso ponto de ataque habitual porque já fomos atacados mais do que uma vez”, refere um dos responsáveis da 123.ª companhia de aparelhos aéreos não tripulados do Exército ucraniano, que preferiu o anonimato.
Chegar até aos operacionais que vigiam e atacam a Rússia, nomeadamente na frente de batalha junto à martirizada região de Kherson, é um complexo e compreensível jogo do gato e do rato. Há pontos de encontro que se multiplicam, oficiais de ligação que mudam planos várias vezes por minuto até estarmos, por fim, a caminho da zona protegida por árvores e pequenos arbustos onde Volodymyr ‘Kum’ ajeita os óculos que lhe darão destreza para pilotar uma aeronave de ataque. “Este drone pode transportar até 700 gramas de explosivos”, explica o piloto de FPV (acrónimo inglês para ‘Visão em Primeira Pessoa’).
Com o recurso a uns óculos especiais, Volodymyr ‘Kum’ vê em tempo real o mesmo que o drone. Se a funcionalidade é apreciada no lazer, imagine-se a eficácia em combate: “O principal problema é o vento, porque dependendo do peso do explosivo pode ser muito difícil pilotar o drone”, diz ‘Kum’. Esta é uma circunstância particularmente complexa para quem opera sobre o mar Negro. Não é, porém, o que mais assusta os soldados que atacam ou vigiam as posições russas: “É mais seguro operar a partir da cave de uma casa ou de um abrigo porque estamos mais protegidos dos ataques russos”, revela Volodymyr ‘Kum’. A 123.ª companhia já esteve várias vezes em apuros. ‘Kum’ lembra o ataque com mísseis sofrido em Kherson que, por sorte, não atingiu nenhum membro da equipa.
Tal como ‘Kum’, também Mykhailo ‘Husky’ recusa revelar a identidade e só aceita falar ao CM de cara tapada. “Opero um drone que faz apenas vigilância dos movimentos inimigos”, diz o militar, que intervalava os voos com os cigarros e a Coca-Cola quente numa tarde tórrida como a que esta quarta-feira se fez sentir no Sul da Ucrânia. “Este é um drone civil adaptado para fins militares. É assim que fazemos desde que a guerra começou”, afirma.
Há pouco tempo a perder aqui. O grupo embala rapidamente as aeronaves, despede-se e desaparece sem deixar rasto. Andar na sombra é sinónimo de sobrevivência para estes homens e mulheres.
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