“Continuação dos ataques mostra que a Rússia não quer a paz”: Zelensky acusa Moscovo de violar espírito de trégua

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou esta quarta-feira a Rússia de violar o “espírito” do acordo de cessar-fogo alcançado na véspera ao lançar mais de uma centena de drones contra o seu território durante a madrugada.

“Na noite passada, tivemos mais 117 provas de que a Rússia quer continuar a arrasar esta guerra. Lançar um ataque desta escala após as negociações de cessar-fogo é um sinal claro para o Mundo inteiro de que a Rússia não está interessada numa paz verdadeira”, acusou Zelensky, referindo-se aos 117 drones lançados durante a madrugada contra alvos nas cidades de Kryvyi Rih, Sumy e Mykolaiv, matando pelo menos quatro pessoas. Não foram atingidas infraestruturas energéticas, mas Kiev considerou na mesma que se tratou de uma violação do cessar-fogo, pelo menos no que diz respeito ao espírito do acordo anunciado terça-feira pelos EUA.

A Rússia também acusou a Ucrânia de violar a trégua ao lançar ataques contra instalações energéticas na Crimeia e na região fronteiriça de Bryansk. “O regime de Kiev continua a danificar infraestruturas energéticas civis, mostrando que está a fazer tudo ao seu alcance para sabotar os acordos alcançados”, acusou o Ministério da Defesa russo. A Ucrânia desmente ter atacado instalações energéticas.

Os EUA anunciaram na terça-feira terem chegado a acordo com a Ucrânia e a Rússia para um cessar-fogo nos ataques contra instalações energéticas dos dois países e uma cessação total das hostilidades no mar Negro, mas há informações contraditórias sobre os termos concretos dos acordos e a sua entrada em vigor. Kiev diz que a trégua é válida desde o momento em que foi anunciada, enquanto Moscovo exige o levantamento das sanções contra a exportação dos seus produtos agrícolas e o regresso ao sistema internacional de pagamentos bancários Swift como pré-condição para a entrada em vigor do cessar-fogo no mar Negro.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, admitiu que a exigência pode ser uma forma de a Rússia ganhar tempo e adiar a entrada em vigor da trégua. “Acredito que eles querem a paz, mas podem estar a arrastar os pés”, afirmou.

Já a União Europeia descartou qualquer possibilidade de aliviar as sanções à Rússia, afirmando que isso só será possível após a retirada russa da Ucrânia. “O fim da agressão injustificada e não provocada à Ucrânia e a retirada incondicional das forças militares russas de todo o território ucraniano é a principal condição para emendar ou levantar as sanções”, avisou o porta-voz da Comissão Europeia.