Guerra da Ucrânia marca primeiros 100 dias de António Costa no Conselho Europeu após arranque em Kiev

Costa escolheu passar primeiro dia em funções na capital ucraniana para "transmitir uma mensagem clara" de "apoio total à Ucrânia".

08 de março de 2025 às 08:52
Volodymyr Zelensky e António Costa Foto: Johanna Geron/Reuters
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O apoio da União Europeia à Ucrânia face à Rússia marca os primeiros 100 dias de António Costa no Conselho Europeu, após ter iniciado funções em Kiev e de lá ter voltado para assinalar três anos da guerra.

A 01 de dezembro de 2024, o antigo primeiro-ministro português iniciou funções como líder da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) e escolheu passar esse primeiro dia na capital ucraniana para "transmitir uma mensagem clara" de "apoio total à Ucrânia", disse António Costa.

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Nessa deslocação, António Costa salientou a coragem do povo ucraniano e prometeu ao Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, um "futuro comum" na UE, quando o país detém desde meados de 2022 o estatuto de país candidato ao bloco comunitário.

Voltou a Kiev -- numa segunda visita em dois meses -- a 24 de fevereiro deste ano, marcando o terceiro aniversário da guerra, para garantir que a UE está disponível para "fazer tudo o que for necessário para a sua segurança e para continuar a apoiar a Ucrânia", defendendo mais apoio financeiro e militar.

A propósito desse aniversário, António Costa disse, em declarações escritas à Lusa: "Estamos e continuaremos a estar firmes no apoio total à Ucrânia, parte integrante do projeto europeu para a paz".

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Mas se as promessas são semelhantes, o contexto geopolítico não o é: a 20 de janeiro passado, Donald Trump regressou à Casa Branca e, desde então, tem vindo a subir de tom nas críticas à Ucrânia, tendo já discutido com Volodymyr Zelensky, interrompido a ajuda ao país e exigido um acordo sobre as matérias-primas críticas do país.

Numa cimeira europeia extraordinária em Bruxelas, em que participou na quinta-feira, Volodymyr Zelensky agradeceu à UE por "não deixar os ucranianos sozinhos" face às pressões norte-americanas.

Até ao momento, não se verificaram encontros de alto nível de António Costa com nenhum responsável da administração norte-americana nem com Donald Trump, sem que tal esteja também previsto.

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Houve, apenas, um encontro em meados de fevereiro com o enviado especial do Presidente norte-americano Donald Trump à Ucrânia e à Rússia, Keith Kellogg, na sua passagem pela Europa.

Sobre as desavenças atuais entre a UE e os Estados Unidos, também causadas pelas ameaças de tarifas alfandegárias, António Costa já veio dizer que os dois blocos "são amigos" e que entre amigos "podem surgir problemas", pelo que devem ser encontradas soluções.

Importantes parceiros para a UE são também, segundo o presidente do Conselho Europeu, os países africanos, que têm vindo a ser uma prioridade nos contactos bilaterais (pessoais ou telefónicos) e nos encontros de alto nível.

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Na próxima quinta-feira, realiza-se uma cimeira bilateral entre UE e África do Sul, numa altura em que o país assume, desde dezembro passado e até novembro de 2025, a presidência rotativa do G20.

António Costa teve também já contactos com líderes africanos como os presidentes angolano, João Lourenço, e guineense, Umaro Sissoco Embaló, com os quais já se reuniu presencialmente em Bruxelas.

Para o início de abril está marcada a primeira cimeira UE-Ásia Central, que decorre no Uzbequistão.

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Até ao momento, António Costa já se deslocou a Estados-membros da UE (como Hungria ou Polónia), a países candidatos (como a Moldova) e a parceiros europeus (como Reino Unido) e, no início deste mês, representou o bloco comunitário na cimeira de emergência da Liga dos Estados Árabes sobre Gaza.

Também já recebeu o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.

Além de ter estipulado a unidade no seio do Conselho Europeu como uma prioridade para o seu mandato de dois anos e meio, tem também tentado assegurá-la com outras instituições da UE, como Comissão Europeia e Parlamento Europeu, realizando reuniões frequentes com as respetivas presidentes, Ursula von der Leyen e Roberta Metsola.

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