Putin oferece minerais ucranianos aos EUA

Presidente russo propõe parceria para explorar terras raras, incluindo nos territórios ocupados, numa tentativa de torpedear acordo entre Trump e Zelensky.

26 de fevereiro de 2025 às 01:30
Matrioscas num mercado de Moscovo simbolizam aproximação entre os EUA e a Rússia Foto: Maxim Shipenkov/Lusa
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, reiterou posição russa Foto: POOL/Reuters

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Vladimir Putin propôs aos EUA uma “parceria” com a Rússia na exploração de minerais raros, incluindo os provenientes dos territórios ucranianos ocupados pela Rússia, numa aparente tentativa de torpedear o acordo entre Trump e Zelensky para a exploração de minerais ucranianos, o qual, segundo avançou esta terça-feira à noite o ‘Financial Times’, terá já sido finalizado.

A surpreendente proposta foi feita pelo Presidente russo na segunda-feira à noite, horas depois de Trump ter dito que um eventual acordo de paz na Ucrânia poderia levar a “importantes desenvolvimentos nas transações económicas com a Rússia”. “Estamos preparados para oferecer aos nossos parceiros americanos, não só ao Governo como às empresas privadas, a participação conjunta nestes projetos”, afirmou Putin, referindo-se à exploração de terras raras. “O mesmo se passa nos novos territórios. Estamos prontos para atrair parceiros estrangeiros para estes nossos territórios históricos que foram recuperados pela Federação Russa”, afirmou Putin, referindo-se às quatro regiões ucranianas ocupadas e anexadas unilateralmente por Moscovo. Grande parte das reservas minerais da Ucrânia encontram-se nas regiões ocupadas pela Rússia, que possui as quintas maiores reservas mundiais de terras raras, essenciais para o fabrico de baterias para carros elétricos e telemóveis, entre outros, mas não tem capacidade de refinação.

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O Presidente russo acrescentou ainda que o acordo de minerais entre os EUA e a Ucrânia “não é motivo de preocupação” para a Rússia. “Nós temos, indubitavelmente, muito mais recursos deste tipo que a Ucrânia”, afirmou.

A oferta de Putin marca uma profunda inflexão na posição do Kremlin face aos EUA, que ainda há pouco mais de um mês eram descritos pela Rússia como “participantes ativos” na guerra na Ucrânia.

“Semanas” para uma trégua

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O Presidente francês disse na segunda-feira, em entrevista à Fox News, que uma trégua entre a Ucrânia e a Rússia pode ser alcançada “nas próximas semanas”, ecoando aquilo que tinha sido dito horas antes por Trump. Emmanuel Macron disse ainda que vários países europeus estão preparados para oferecer garantias de segurança a Kiev.

Mais gastos com a defesa

O primeiro-ministro britânico, que amanhã se reúne com Trump na Casa Branca, anunciou esta terça-feira a intenção de aumentar os gastos anuais do Reino Unido com a Defesa para os 2,5% do PIB até 2027 e, posteriormente, chegar aos 3%. “É o maior aumento dos fundos dedicados à Defesa desde o final da Guerra Fria”, disse Keir Starmer.

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Kremlin reafirma oposição ao envio de militares europeus para a Ucrânia

O Kremlin reafirmou esta terça-feira a oposição de Moscovo ao envio de militares europeus para a Ucrânia como parte de uma futura missão de manutenção de paz, contrariando o que Trump afirmara na véspera. O Presidente dos Estados Unidos tinha garantido, durante uma conferência de imprensa conjunta com o Presidente francês, Emmanuel Macron, que Putin “não tinha qualquer problema” com o envio de forças europeias para a Ucrânia no âmbito de uma futura missão de paz. “Sim, ele [Putin] aceita isso. Fiz-lhe especificamente essa pergunta e está tudo bem”, disse o Presidente dos EUA. Questiona- do sobre estas afirmações de Trump, Dmitry Peskov, o porta-voz do Kremlin, remeteu esta terça-feira para as declarações do MNE, Sergei Lavrov, que na semana passada tinha considerado “inaceitável” a presença de tropas europeias na Ucrânia, considerando que se tratava de uma “ameaça direta à soberania da Rússia”.

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