Rússia ataca escolas e hospitais da Ucrânia durante negociações de paz
Forças russas lançam ataque massivo com drones e mísseis contra a cidade de Sumy enquanto decorriam em Riade as conversações para alcançar um cessar-fogo.
A Rússia lançou esta segunda-feira um ataque massivo com mísseis e drones contra a cidade ucraniana de Sumy, enquanto decorria em Riade, na Arábia Saudita, uma nova ronda de negociações mediadas pelos EUA para tentar alcançar um cessar-fogo. Para o Governo de Kiev, o ataque prova que a Rússia apenas estás interessada “em continuar com o terror”.
Vários edifícios residenciais, uma escola e um hospital foram atingidos no ataque desta segunda-feira, que fez pelo menos 74 feridos, incluindo 13 crianças. “Moscovo fala de paz enquanto leva a cabo ataques brutais contra zonas residenciais densamente habitadas nas principais cidades ucranianas”, denunciou o MNE, Andrii Sybiha, adiantando que, se a Rússia realmente quer a paz, “deve parar de bombardear as nossas cidades”. Já o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, apelou à comunidade internacional para “reforçar a pressão sobre a Rússia para parar com a agressão”.
Em Riade, as negociações de paz, que tiveram início ao princípio da manhã com um encontro entre as delegações dos EUA e da Rússia, prolongaram-se até ao início da noite, mas o comunicado final foi enviado para Washington e Moscovo para aprovação e só esta terça-feira deverão ser conhecidos os pormenores. Durante um intervalo, um membro da delegação russa afirmou que estavam a ser discutidas soluções “criativas” para alguns dos principais entraves a um acordo. Noutro sinal de progresso, a meio da tarde a delegação americana interrompeu as negociações com os russos para se reunir durante várias horas com a delegação ucraniana, sinal de que a “diplomacia de vaivém”, prometida pelo enviado especial de Trump, Steve Witkoff, estava a funcionar.
As negociações visavam definir os termos para finalizar a trégua nos ataques contra infraestruturas energéticas e avançar para um cessar-fogo no mar Negro, mas havia indicações de que uma cessação mais ampla das hostilidades estava já também sobre a mesa. “Estamos a falar de territórios e linhas de demarcação”, disse o Presidente Donald Trump, adiantando que o acordo de minerais com a Ucrânia “será assinado em breve” e que os dois países estão também a discutir a possibilidade de as centrais elétricas e nucleares ucranianas passarem para as mãos dos EUA como forma de garantir a sua reabilitação e segurança.
“Putin só tem medo de Trump”
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse esta segunda-feira que o único líder mundial que Vladimir Putin parece temer é Donald Trump, defendendo que os EUA deviam pressionar mais a Rússia para conseguir a paz na Ucrânia. “Donald Trump parece ser o único de quem Putin tem medo. Quando ele ameaçou reforçar as sanções, os russos ficaram realmente assustados”, afirmou Zelensky em entrevista à revista ‘Time’. O Presidente ucraniano disse ainda esperar que Trump venha a perceber, com o tempo, que Putin não é de confiança e é “mais fraco do que quer fazer parecer”. Segundo Zelensky, uma eventual vitória russa “seria um desastre”, não só para a Ucrânia e para a Europa, mas para todo o Ocidente, incluindo os EUA, afirmando que Trump “nunca aceitará” esse desfecho porque quer “ficar na História” como um líder poderoso que conseguiu negociar “um fim digno” da guerra na Ucrânia.
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