Ucraniana morta a tiro pelas tropas russas dentro de carro onde seguia com o marido e os dois filhos
"Foi horrível para as crianças", conta o marido de Svitlana, que ia no banco ao lado da mulher quando esta foi atingida.
As tropas russas mataram a tiro uma mulher ucraniana enquanto esta conduzia o carro, com o marido ao lado e os dois filhos no banco de trás, para longe de Kiev.Logo a seguir, voltou para buscar
Svitlana Zhulin, de 46 anos, o marido, Andriy Vilson, e os dois filhos de oito e 10 anos dirigiam-se para Lviv por uma estrada muito usada em tempos de paz para chegar à "capital ocidental" ucraniana, de acordo com o The Kyiv Independent. De repente, ouviu-se uma forte explosão, e Svitlana caiu em cima do marido. Tinha sido atingida na cabeça por uma bala de um franco-atirador russo.
Andriy parou imediatamente o carro e saiu pela janela do carro para tirar os filhos do carro, já que as portas estavam trancadas. "Foi um terror para as crianças. A bala atingiu o para-brisas e a mãe deles, que pouco tempo antes estava ali viva", conta Andriy ao The Kyiv Independent
"Eu peguei no Artem primeiro e eles [atiradores russos] atingiram-me na perna direita. Escondi o Artem atrás do capô do carro para não lhe conseguirem acertar", acrescenta.
Logo a seguir, voltou para buscar
Myroslav: "Ele demorou mais tempo. Olhou para a minha perna, viu um grande buraco e disse: 'Pai, tens um buraco.' E naquele momento aqueles bastardos acertaram-lhe na perna", conta, revoltado.
Enquanto tentava esconder o filho, os soldados russos balearam Andriy na perna esquerda e ele caiu ao lado do carro.
"Os russos continuaram a disparar contra o carro", conta. "Eles queriam atingir as crianças."
Ao ver um veículo militar russo a conduzir em direção a eles, Andriy disse aos filhos para se fingirem de mortos.
"Quando imagino como é para uma criança ouvir dizerem-lhe para se fingir de morto e que a mãe está morta, é apenas...",
disse Andriy, emocionado, enquanto se esforçava para encontrar as palavras certas.
O tanque russo passou por eles para fazer uma operação de limpeza na área, por isso Andriy decidiu que não fazia sentido continuarem a fingir-se de mortos porque acabariam por ser descobertos.
"Quando os soldados russos viram a gravidade dos ferimentos [das crianças], ficaram chocados",
Os militares começaram a verificar
o telemóvel de Andriy para ver se ele tinha informado os militares ucranianos sobre o movimento das tropas russas. Como não
encontraram nada, começaram a discutir o que fazer com ele.
"Eles disseram-me: 'Você tem dois filhos para cuidar'. E eu respondi: 'Sim, graças aos vossos franco-atiradores'".
"Eles responderam: 'Ainda assim, não morra'. E eu respondi: 'Vou tentar. Deixe-me salvar meus filhos'."
Os soldados russos permitiram que Andriy ligasse para os sogros para que eles os viessem buscar. Andriy e os filhos foram levados para o hospital para fazer tratamento hospitalar e os sogros voltaram depois para buscar o corpo da filha.
"São uns heróis", disse Andriy. "Eles abriram a porta do carro na frente dos russos, puseram o corpo da filha lá dentro e voltaram para casa."
Apesar de as crianças terem ficado bem, o trauma de ver a mãe ser morta a tiro "teve um efeito devastador", que dificilmente algum dia conseguirão esquecer.
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