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Analistas avisam: Rússia prepara uso de armas químicas

De acordo com as analistas do ISW, o Kremlin tem em movimento uma campanha de desinformação.

10 de março de 2022 às 12:23

Duas analistas do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), um ‘laboratório de ideias’ com sede nos EUA e que tem vindo a acompanhar a guerra, alertaram esta quinta-feira que a Rússia se estará a preparar para realizar um ataque de "bandeira falsa" com armas químicas ou radiológicas. Ou seja, lançar ela própria essas armas contra as zonas separatistas pró-russas na Ucrânia, e culpar as autoridades e forças armadas ucranianas. Katherine Lawlor e Kateryna Stepanenko avisam que esse ataque seria um "pretexto" para escalar a brutalidade desta guerra e futuras baixas entre civis ucranianos.

De acordo com as analistas do ISW, o Kremlin tem em movimento uma campanha de desinformação. "As narrativas recentes dos media estatais da Rússia [têm afirmado a descoberta na Ucrânia de laboratórios com Antrax e outros riscos químicos e biológicos desenvolvidos pelos EUA] basearam-se numa longa operação de informação do Kremlin para alegar falsamente que a Ucrânia, os Estados Unidos e a NATO estão a planear um ataque químico ou radiológico à Rússia ou ao território ucraniano ocupado pelos russos. A Rússia pode conduzir ou fabricar tal ataque e culpar a Ucrânia e a NATO para justificar uma agressão adicional contra a Ucrânia", afirmam.

"Os Estados Unidos e a NATO devem "prevenir" esses esforços do Kremlin, destruir antecipadamente os esforços de Moscovo para criar cobertura informativa para a escalada e impedir o uso potencial da Rússia de uma arma química ou radiológica", alertam.

O assunto já foi abordado pelos Estados Unidos. Jen Psaki, porta-voz do presidente Joe Biden, alertou na noite de quarta-feira que a Rússia pode estar a preparar-se para "usar armas químicas ou biológicas na Ucrânia", depois de Moscovo ter feito as considerações sobre Washington.

"Isso tudo é uma manobra óbvia da Rússia para tentar justificar o seu ataque premeditado, não provocado e injustificado à Ucrânia", atentou no Twitter Jen Psaki. A porta-voz considerou as alegações russas de "absurdas" e observou que funcionários do Governo chinês também ecoaram as "teorias da conspiração" da Rússia.

"Agora que a Rússia fez essas falsas alegações, e a China aparentemente defendeu essa propaganda, todos nós devemos estar atentos para que Rússia possivelmente use armas químicas ou biológicas na Ucrânia, ou crie uma operação de bandeira falsa para utilizá-las. É um padrão claro", sustentou.

Também o Departamento de Estado dos EUA replicou as acusações da Casa Branca, e condenou o que chamou de "mentiras descaradas do Kremlin de que os Estados Unidos e a Ucrânia estão a usar armas químicas e biológicas na Ucrânia".

"A Rússia está a inventar falsos pretextos na tentativa de justificar as suas próprias ações horríveis na Ucrânia", afirmou o porta-voz Ned Price, em comunicado. "É a Rússia que tem programas ativos de armas químicas e biológicas e está a violar a Convenção de Armas Químicas e a Convenção de Armas Biológicas. A Rússia tem um histórico de acusar o Ocidente dos mesmos crimes que a própria Rússia comete. Essas táticas são uma manobra óbvia da Rússia para tentar justificar mais ataques premeditados, não provocados e injustificados à Ucrânia."

As Nações Unidas (ONU) garantiram não ter provas da existência de programas ilegais de armas químicas e biológicas na Ucrânia, como denunciou o Governo russo.

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