Destruição desta barragem é suscetível de causar grandes dificuldades ao abastecimento de água à península da Crimeia, que Kiev afirma querer recuperar.
A barragem de Kakhovka, que Kiev e Moscovo se acusaram mutuamente de atacar esta terça-feira, é uma estrutura fundamental no sul da Ucrânia que fornece água à Crimeia, a península anexada pela Rússia em 2014.
Considerada no início da invasão como um alvo prioritário para os russos, esta barragem hidroelétrica no rio Dniepre está agora na linha da frente entre as regiões controladas por Moscovo e o resto da Ucrânia, segundo a agência francesa AFP.
A barragem de Kakhovka, feita em parte de betão e em parte de terra, tem 3.273 metros de comprimento e é uma das maiores infraestruturas do género na Ucrânia.
De acordo com a página na Internet da empresa estatal ucraniana que a explora, a Ukrgidroenergo, a central hidroelétrica tem uma capacidade de 334,8 megawatts (MW).
Os danos na barragem são irreparáveis e foram causados por "uma detonação na casa das máquinas a partir do interior", disse a empresa num comunicado citado pela agência espanhola EFE.
A barragem situa-se a 150 quilómetros da central nuclear de Zaporijia, mas a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) disse que as cheias provocadas pela destruição da infraestrutura não representam um perigo imediato para a central.
Construída na década de 1950, durante o período soviético, a barragem permite o envio de água para o canal da Crimeia do Norte, que parte do sul da Ucrânia e atravessa toda a península ocupada e anexada por Moscovo desde 2014.
A destruição desta barragem é suscetível de causar grandes dificuldades ao abastecimento de água à península da Crimeia, que Kiev afirma querer recuperar.
A montante da barragem encontra-se o reservatório de Kakhovka, um lago artificial formado no curso do rio Dniepre, com 240 quilómetros de comprimento e até 23 quilómetros de largura.
Tanto a barragem como a central nuclear foram tomadas pelas tropas russas nos primeiros dias da invasão russa da Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro de 2022.
Com as aldeias "total ou parcialmente inundadas", as autoridades ucranianas apressaram-se a denunciar o "crime de guerra" da Rússia e o Presidente Volodymyr Zelensky convocou uma reunião de emergência do conselho de segurança.
"O objetivo dos terroristas é óbvio: criar obstáculos às ações ofensivas das forças armadas ucranianas", afirmou o conselheiro presidencial Mikhailo Podoliak.
As autoridades instaladas por Moscovo na região de Kherson (sul) acusaram Kiev de "múltiplos ataques" contra a barragem, que teriam provocado a destruição parcial da estrutura.
"Uma série de ataques foram executados na central hidrelétrica de Kakhovka, que destruíram as válvulas", disse Vladimir Leontiev, da administração local russa, citado pela agência noticiosa oficial TASS.
Segundo Kiev, "cerca de 16 mil pessoas encontram-se numa zona crítica", ameaçadas pelas inundações provocadas pela destruição parcial da barragem.
Moscovo disse que 14 localidades, onde vivem "mais de 22 mil pessoas", estão sob ameaça, mas considerou que a "situação está totalmente sob controlo".
Em outubro, enquanto decorriam os combates na região durante uma contraofensiva bem-sucedida de Kiev, Zelensky já tinha acusado as forças de Moscovo de terem minado a barragem e as unidades da central elétrica.
O chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, alertou também que as cheias irão afetar os sistemas de irrigação na zona e prejudicar gravemente a produção agrícola, sendo "um golpe para a segurança alimentar mundial".
Trata-se do "pior desastre provocado pelo homem no mundo nas últimas décadas", considerou Yermak, citado pela EFE.
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