Ministro das Infraestruturas da Ucrânia salientou ainda que é necessário reconstruir 40 pontes vitais para as ligações rodoviárias do país.
A organização United For Ukraine (U4U), que reúne políticos de mais de 30 países incluindo Portugal, defendeu esta quinta-feira, em Kiev, a aceleração da candidatura da Ucrânia à União Europeia e de um "futuro Plano Marshall" para o país invadido pela Rússia.
Esta aliança internacional, supranacional e interpartidária, que conta já com mais de 200 membros, sobretudo deputados e eurodeputados em funções, ex-deputados e ex-membros de governo, iniciou hoje uma visita de trabalho de dois dias à Ucrânia, explicou à agência Lusa o ex-secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Francisco Almeida Leite, que integra a comitiva juntamente com a ex-deputada do PSD Ana Miguel dos Santos.
"As grandes preocupações desta visita prendem-se, em primeiro lugar, com a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) e com o estatuto de candidata, que é o mais urgente neste momento", realçou Almeida Leite.
O ex-secretário de Estado do XIX Governo Constitucional liderado por Pedro Passos Coelho contou que a ministra-adjunta dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Emine Dzhaparova, em reunião com a organização, sublinhou que a atribuição de estatuto de candidata ao país alvo da invasão pela Rússia "é uma urgência".
"A ministra dizia que as pessoas ainda não perceberam que isto não é uma mera doença, é um cancro, e como uma doença tão grave, não se pode adiar nada, não se pode esperar, tem que se operar", frisou.
Outro tema premente para os ucranianos, e a cargo do grupo de trabalho onde estão integrados os dois portugueses, é a elaboração "de uma espécie de futuro Plano Marshall".
"A reconstrução tem de começar já. É comovente ver que mesmo estando em guerra, nas zonas que vão sendo libertadas, como é o caso da zona de Kiev, Irpin, Borodyanka ou Bucha, onde passamos hoje, já limparam tudo e já começam a tentar reconstruir", realçou Almeida Leite.
O ministro das Infraestruturas da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov, salientou que é necessário reconstruir 40 pontes vitais para as ligações rodoviárias do país, mas também intensificar as reparações da ferrovia, sobretudo para as ligações com a Polónia, para a exportação de cereais, contou ainda.
"Tudo isto custa muito dinheiro e é preciso discutir que financiamento é que vai estar disponível para a Ucrânia nos próximos anos", alertou o português.
A ajuda humanitária é também outro ponto de realce para o ex-secretário de Estado, que assistiu a "casos muito sensíveis durante o dia".
"Quando viajamos de comboio [da Polónia para a Ucrânia] estivemos numa estação, fora de Varsóvia, recheada de famílias ucranianas que não têm ainda destino, não têm para onde ir, estão as autoridades [polacas] a dar assistência. É preciso fazer mais em termos de assistência humanitária", apontou.
A U4U, aliança criada pelo ex-primeiro-ministro da Lituânia e membro do Parlamento Europeu, Andrius Kubilius, tem esta sexta-feira um "importante" encontro com o ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, com a ministra-adjunta dos Assuntos Internos, Meri Akopyan, com o presidente dos comités do parlamento ucraniano (Verkhovna Rada) e com o gabinete do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, entre outros pontos.
Almeida Leite destacou também que o objetivo é promover uma sensibilização da opinião pública para os problemas da Ucrânia, mas também junto do setor privado e público, através de recomendações por parte dos deputados e eurodeputados em funções.
"Trabalhamos todos juntos, de vários países e várias áreas políticas, sobretudo para o futuro da Ucrânia. Nesta altura é que se vê a fibra das pessoas e dos países. Queremos fazer parte desta organização como portugueses que podem ajudar", referiu.
O U4U conta com seis grupos de trabalho em áreas como a assistência militar à Ucrânia, ajuda humanitária, sanções contra a Rússia, integração do país na UE, reconstrução e Plano Marshall e tribunal internacional.
A delegação que se encontra em Kiev junta 16 elementos de vários países como Portugal, Espanha, Suécia, Itália, Alemanha e Lituânia.
Almeida Leite explicou ainda à Lusa que a comitiva se encontra dentro do perímetro de segurança dos edifícios governamentais em Kiev.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 15 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou que 4.302 civis morreram e 5.217 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 106.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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