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Cerca de 800 civis refugiados numa fábrica em Severodonetsk, segundo a direção

Combates entre as forças ucranianas e russas decorrem há vários dias na região do Donbass.

07 de junho de 2022 às 23:30

Cerca de 800 civis estão refugiados numa fábrica de produtos químicos em Severodonetsk, na região do Donbass, onde há vários dias decorrem combates entre as forças ucranianas e russas, revelou esta terça-feira o advogado do proprietário do local.

Lanny Davis, advogado do magnata ucraniano Dmytro Firtach, explicou que "cerca de 800 civis refugiaram-se nos abrigos da fábrica de produtos químicos Azot".

"Entre esses 800 civis estão cerca de 200 dos 3.000 funcionários da fábrica e cerca de 600 moradores de Severodonetsk", acrescentou.

Contactada pela agência France-Presse (AFP), a presidência ucraniana ainda não tinha confirmado esta informação até ao final da tarde desta terça-feira.

Segundo o comunicado divulgado no 'site' do Grupo DF, os 200 funcionários ainda presentes no local "permanecem (...) para garantir a proteção dos produtos químicos altamente explosivos" que se encontram na fábrica.

A fábrica de Azot está localizada em Severodonetsk, o epicentro dos combates na região do Donbass, formada pelos territórios de Lugansk e Donetsk, que a Rússia disse que ia libertar quando invadiu a Ucrânia há mais de três meses.

Moscovo disse na manhã desta terça-feira que tinha "libertado completamente" áreas residenciais naquela cidade e assumido o controlo de 97% da região de Lugansk, depois do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter garantido na segunda-feira que os combatentes ucranianos estavam "a manter" as suas posições.

Se confirmada, esta conquista russa seria significativa, uma vez que eliminaria um último obstáculo à cidade simbólica de Sloviansk e a Kramatorsk, a capital da região de Donetsk controlada pela Ucrânia.

Também o governador ucraniano de Lugansk, Serhiy Haidai, admitiu que as forças russas controlam a periferia industrial de Severodonetsk, mas disse que as forças de Kiev continuam a repelir os ataques.

Dmytro Firtach, de 57 anos, uma das pessoas mais ricas da Ucrânia, é próximo do ex-presidente ucraniano pró-Rússia Viktor Yanukovych.

Em junho de 2021, Volodymyr Zelensky assinou um decreto que impôs sanções ao magnata, inclusive determinando o congelamento dos seus bens e a retirada de licenças das suas empresas, após acusá-lo de vender produtos de titânio a empresas militares russas.

No entanto, Dmytro Firtach condenou a invasão russa no final de fevereiro e ajudou a estabelecer um canal de televisão contínuo com a administração presidencial e outros donos de canais televisivos.

"Esta guerra é completamente desnecessária e não pode de forma alguma ser justificada. Esta tragédia humanitária é intolerável", realçou esta terça-feira o magnata, citado na nota de imprensa.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga quase 15 milhões de pessoas de suas casas - mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,9 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A ONU confirmou esta terça-feira que 4.253 civis morreram e 5.141 ficaram feridos na guerra, que entrou esta terça-feira no seu 104.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.

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