Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, pelo menos oito jornalistas já foram mortos no terreno no exercício da profissão.
A Procuradoria Nacional Antiterrorismo (PNAT) de França determinou esta segunda-feira a abertura de uma investigação por crimes de guerra, após a morte do jornalista francês Frédéric Leclerc-Imhoff, perto de Sverodonetsk, no leste da Ucrânia.
A investigação foi confiada ao departamento central de combate aos crimes contra a humanidade, genocídio e crimes de guerra (OCLCH) e diz também respeito "aos ferimentos sofridos pelo seu colega, Maxime Brandstaetter, que o acompanhava em reportagem, especificou a PNAT.
"A investigação foi aberta por suspeita de ataques intencionais à vida de uma pessoa protegida pelo direito internacional de conflitos armados, ataques deliberados contra pessoas que não participam diretamente nos conflitos e ataques deliberados contra pessoal e veículos empregados como parte de uma missão de ajuda humanitária", pode ler-se na nota de imprensa.
Pelo menos cinco outras investigações por atos cometidos contra cidadãos franceses na Ucrânia foram abertas pela Pnat desde o início da guerra, noticia a agência France-Presse (AFP).
Segundo o Presidente francês, Emmanuel Macron, Frédéric Leclerc-Imhoff estava na Ucrânia "para mostrar a realidade da guerra" e encontrava-se "a bordo de um autocarro humanitário, ao lado de civis [que foram] obrigados a fugir para escapar das bombas russas", quando foi fatalmente atingido.
Esta era a segunda missão do repórter de 32 anos, que trabalhava há seis anos no canal de notícias BFMTV.
Através da rede social Twitter, o chefe de Estado francês adiantou ainda que Léclerc-Imhoff foi atingido no pescoço por um estilhaço do Exército russo.
"Quero aqui partilhar a dor da família, entes queridos e colegas de Frédéric Léclerc-Imhoff, a quem dirijo as minhas condolências", escreveu o Presidente francês na rede social.
"Àqueles que garantem a difícil missão de informar envio, mais uma vez, o apoio incondicional de França", acrescentou.
Considerando a morte do jornalista "profundamente chocante", a ministra dos Negócios Estrangeiros de França, Catherine Colonna, "exigiu" uma "investigação transparente" ao caso.
Em declarações à AFP, a governante pediu ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky "que faça todo o possível para que as autoridades ucranianas ajudem" a França e "permitam a devolução" do corpo do jornalista "à sua família o mais rápido possível".
A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, também já condenou o "assassínio" de Frédéric Leclerc-Imhoff, pedindo também "a abertura de um inquérito para que autores deste crime possam ser identificados e perseguidos pela justiça".
Já o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia referiu, através do Twitter, que "o exército russo bombardeou um veículo que deveria evacuar civis da zona de guerra, perto de Severodonetsk".
"Condenamos veementemente este assassinato. A lista de crimes russos contra profissionais dos 'media' na Ucrânia continua a crescer", acrescentou.
Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, este é o segundo jornalista francês morto neste conflito, depois do franco-irlandês da estação norte-americana Fox News, Pierre Zakrzewski, e o oitavo repórter morto na Ucrânia desde a invasão da Rússia.
Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, pelo menos oito jornalistas já foram mortos no terreno no exercício da profissão, de acordo ainda com os RSF.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,8 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou hoje que 4.074 civis morreram e 4.826 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 96.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.
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