Chanceler alemão Olaf Scholz afirmou que esta é uma "necessidade urgente".
Quase um ano após ter prometido entregar um milhão de munições de artilharia à Ucrânia, a União Europeia (UE) reconheceu que falhou e corre contra o tempo para aumentar a produção e abastecimento, inferior ao russo.
"Devemos (...) voltar-nos para a produção de armas em grande escala", disse na segunda-feira o chanceler alemão Olaf Scholz, lembrando que esta é uma "necessidade urgente", a poucos dias de se assinalar o segundo aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Scholz falava na cerimónia de inauguração de uma nova fábrica do fabricante de armas Rheinmetall, no maior complexo industrial de defesa do país, em Untelüss, no norte da Alemanha. A nova unidade deve produzir munições de artilharia de 155 milímetros a partir de 2025, visando gradualmente uma capacidade de 200 mil projéteis por ano.
Segundo Scholz, esta é uma 'chamada' para os europeus, para que fortaleçam a base industrial de defesa do continente.
No início de março de 2023, os ministros da Defesa da UE encontraram-se em Estocolmo para procurar uma maneira de assegurar que não havia falta de munições para a Ucrânia, incapaz de aceder a projéteis de 155 milímetros suficientes para o uso destes nos combates com o invasor russo.
A Estónia foi o primeiro país a avançar com um número e um valor: um milhão de munições de artilharia e quatro mil milhões de euros para as produzir e comprar.
O alto-representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, rejeitou inicialmente a ideia e disse que os Estados-membros tinham de ser "realistas e pragmáticos".
"O dinheiro não cai do céu e não é porque um Estado-membro diz que devíamos ter mais dinheiro que o dinheiro vai aparecer como que por milagre. Temos os recursos que temos e a primeira coisa a fazer é utilizá-los", sustentou na altura.
Mas os Estados-membros começaram a trabalhar sobre a proposta de Tallinn e duas semanas depois, em 20 de março de 2023, Josep Borrell fez o anúncio: "É uma decisão histórica! No âmbito da minha proposta, os Estados-membros concordaram em entregar um milhão de munições de artilharia nos próximos 12 meses".
Entre a compra conjunta pelos Estados-membros e um reforço da produção nas próprias indústrias de defesa, a UE tinha delineado um plano para continuar a apoiar militarmente a Ucrânia.
Havia inicialmente dois mil milhões de euros e, entre produção própria e compra conjunta, a meta era fazer chegar à Ucrânia um milhão de projéteis de 155 milímetros até ao final de março de 2024.
Zelensky agradeceu e três dias depois os presidentes e primeiros-ministros da UE 'carimbaram' o acordo durante uma reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.
Precisamente dois meses depois, a ministra da Defesa portuguesa, Helena Carreiras, anunciou que a UE já tinha alcançado um quarto do objetivo: "Verificámos nesta reunião que 25% do milhão de munições de 155 milímetros já foram obtidos, ou seja, está a correr bem este esforço de entregar munições à Ucrânia".
Mais tarde, Josep Borrell validava o anúncio da governante portuguesa e anunciava que 25% do objetivo já tinha sido alcançado.
Durante os meses seguintes, o bloco comunitário mobilizou-se para acelerar a produção e a compra conjunta de munições e desdobrou-se nas maneiras de apoiar a Ucrânia.
O acordo sobre a Lei de Apoio à Produção de Munições (ASAP, na sigla inglesa) foi alcançado em junho, o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz recebeu um reforço e o teto financeiro do programa aumentou para 3,5 mil milhões de euros.
As instituições europeias discutiram com urgência os mecanismos para reforçar as indústrias da defesa europeia, mas não houve mais atualizações sobre o número de munições compradas ou produzidas para a Ucrânia.
Em 26 de outubro de 2023, a Bloomberg dava conta de que até àquela data a UE só tinha conseguido satisfazer 30% da promessa, ou seja, só obteve mais 5% das munições que já tinha em maio.
No dia seguinte, um porta-voz da Comissão Europeia garantia aos jornalistas que o final de março de 2024 ainda era o objetivo e em 29 de novembro o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, falou de "um processo de aceleração" na aquisição de munições de artilharia que iria compensar o atraso no fornecimento de um milhão de projéteis.
Dois meses depois, já em 22 de janeiro de 2024, João Gomes Cravinho reconheceu que a UE ia falhar o objetivo: "Parece claro que aquele milhão que tinha sido mencionado não se vai atingir".
Falhada a promessa, a União Europeia apressou-se a estabelecer outro prazo: um milhão de munições até ao final de 2024, incluindo a contabilização as munições já produzidas e que constavam do que tinha sido prometido inicialmente.
Os últimos dados são de 06 de fevereiro, quando a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou perante o Parlamento Europeu que metade já estava assegurada: "A indústria da defesa europeia aumentou a capacidade de produção em 40%. Até ao final do próximo mês vamos entregar mais de meio milhão de munições de artilharia. E mais de um milhão até ao final do ano".
No entanto, Josep Borrell considerou em 31 de janeiro que a UE está a correr atrás do prejuízo e que há um "grande desequilíbrio" entre aquilo que conseguiu dar à Ucrânia e as munições que a Rússia está a receber, por exemplo, da Coreia do Norte.
E até pediu para se priorizar a entrega de munições para a Ucrânia, em detrimento de outros países com os quais os 27 têm protocolos assinados.
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