Piscina pouco funda trava recordes nos Jogos Olímpicos

Quanto mais profunda a piscina for, mais espaço há para que a turbulência se dissipe e tenha impacto reduzido à superfície.

01 de agosto de 2024 às 01:30
Imagem 52251671.jpg (22030858) (Milenium) Foto: Direitos Reservados
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Está explicado o mistério da ausência de recordes na natação. A piscina não tem profundidade suficiente. Faltam-lhe 85 centímetros. “Tem-se visto piscinas com três metros de profundidade nas maiores competições, mas esta possui um valor bastante inferior [estimado em 2,15]. É claro que, para uma prova normal, continua a ser uma piscina de excelência, mas estamos a falar do maior evento desportivo e todos os pormenores contam. Esse é o fator que parece fazer a diferença relativamente às últimas edições dos Jogos Olímpicos”, explicou à agência Lusa Daniel Marinho, responsável técnico da Federação Portuguesa de Natação.

O professor catedrático do Departamento de Ciências do Desporto da Universidade da Beira Interior diz também que “quanto mais profunda a piscina for, mais espaço há para que a turbulência [ocasionada pelas braçadas dos nadadores] se dissipe e tenha impacto reduzido à superfície. Quanto mais afastado um atleta estiver de um obstáculo físico, menos arrasto hidrodinâmico vai sofrer. Por isso, é diferente nadar na primeira ou na terceira pista. As piscinas têm pistas exteriores para evitar obstáculos, sobretudo as paredes laterais”.

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Dois exemplos de como a menor profundidade da piscina pode estar a afetar o rendimento dos nadadores: o romeno Popovici venceu a prova dos 200 metros livres em 1.44,72 minutos - a pior marca de um campeão olímpico na distância desde Sydney 2000; também o italiano Nicolò Martinenghi sentiu dificuldades para chegar ao ouro nos 100 metros bruços, demorou 59,03 segundos, o tempo mais fraco das últimas duas décadas. Outra constatação, mas que já não terá a ver com as condições da piscina, é o facto de as finais estarem a ser ligeiramente mais lentas do que as ‘meias’. “Não é inédito, mas vai um bocadinho contra a tendência”, sublinha Daniel Marinho.

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