Prosa: O espelho de mim
E aqui estava eu, um simples aluno de Filosofia Contemporânea, sem saber que caminho escolher para poder chegar a casa.
E aqui estava eu, um simples aluno de Filosofia Contemporânea, sem saber que caminho escolher para poder chegar a casa, mesmo sabendo as minhas alternativas, infinitas, não reconheço o poder delas me conduzirem até lá. Tal e qual como o problema mais grave discutido em sala de aula, o caminho para o conhecimento da verdade absoluta. É um absurdo e especialmente ridículo para alguém como eu que me mato nas escolhas que tomo para poder chegar onde quero mesmo não conhecendo a realidade.
3015 é a minha realidade, e percebo que em termos de evolução do pensamento, a lugar algum chegamos. Continuamos no ir, porém, não vamos. Nem mais perto chegamos. E então eu, afogado nas profundezas da minha mente e no meio da capital portuguesa me questiono "Qual é a minha pedra?".
- A nossa realidade. – responde alguém.
Não estava à espera de tal resposta, nem sequer que alguém me respondesse… Mas quem?
Olhei para trás e não vi ninguém no que os meus olhos pudessem alcançar, fechados.
Acabei mais tarde por perceber que ficar ali, questionando-me por tudo e por nada, de nada iria ajudar e meti-me rapidamente em movimento. Com um objectivo mas com uma pedra na mão, que me impedia de lá chegar independentemente do caminho que, por livre-arbítrio, escolhia seguir.
Entretanto, acordei.
Levantei-me, confuso com todo o meu inconsciente, que até ao momento me vendava a vista e decidi ir lavar os dentes.
Rotina automática.
Olhei-me no espelho da casa de banho e aí percebi. Percebi tudo aquilo que não me cabia a mim perceber.
O que estava à minha frente não me deixava ver para lá de mim, para lá da minha realidade. Esfreguei os olhos e a minha realidade não desaparecia, pois é minha e de mais ninguém é.
Realmente, essa era a pedra que carregava, aquela que levo comigo para onde quer que seja que vá, pois não pertence a mais ninguém. E o conhecimento nunca irei alcançar enquanto me possuir a mim próprio.
Ela tinha razão.
A minha mente tinha razão.
Texto enviado pela participante Alexandra Chaves, 18 anos, de Loures.
-----------------------------
Votação fechada. Vê os resultados na fanzine publicada com o Correio da Manhã de dia 30 de abril. Entretanto, recordamos que o concurso é mensal e contamos com os teus trabalhos (vê aqui o
Votação fechada. Vê os resultados na fanzine publicada com o Correio da Manhã de dia 30 de abril. Entretanto, recordamos que o concurso é mensal e contamos com os teus trabalhos (vê aqui o regulamento).
-----------------------------
Acompanha o Geração Arte na CMTV
Não percas o Geração Arte no programa Falar Global, da CMTV, aos sábados às 11h30 e às 15h30.
-----------------------------
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt