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Prosa: Samsara

O propósito sem propósito de desejar o inexistente e ignorar o real toma conta das vidas e mentes que vagueiam por aí num rumo zigzaguiano em ruelas e becos e estradas de memórias passadas vividas e sentidas e choradas.

26 de maio de 2015 às 11:00

Votação fechada. Vê os resultados na fanzine publicada com o Correio da Manhã de dia 25 de junho. Entretanto, recordamos que o concurso é mensal e contamos com os teus trabalhos (vê aqui o 

Votação fechada. Vê os resultados na fanzine publicada com o Correio da Manhã de dia 25 de junho. Entretanto, recordamos que o concurso é mensal e contamos com os teus trabalhos (vê aqui o regulamento).

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O propósito sem propósito de desejar o inexistente e ignorar o real toma conta das vidas e mentes que vagueiam por aí num rumo zigzaguiano em ruelas e becos e estradas de memórias passadas vividas e sentidas e choradas.

Pobre e desgastada massa cinzenta que no meio das orelhas trabalha sem cessar, abusada e maltratada, sem descanso, com livros filmes história filosofia literatura psicologia religião, onde estou, para onde vou? Grandes mentes que outrora vomitaram conceitos tentaram explicar a ligação invisível do cosmos em todo o seu esplendor insignificante para uma rotina aborrecida ao expoente da esquizofrenia alucinada, quando o macaco ambulante que faz a grande máquina mexer não é mais que óleo de sangue ignorante, tal peixe fora de água que desesperado procurando voltar para dentro de água.

Overdose de estímulos e orgias comportamentais inconscientes que a nossa percepção consegue espreitar pelo buraco da fechadura. Crenças retrógadas, teorias ditas infalíveis, leis e regras e condutas e tudo tudo dentro da mesma caixa preta que regista a evolução do cérebro primata como animal supra sumo de tudo o resto, que por ordem divina foi comandada a dominar sem pensar duas vezes.

Trazei pois a música a pintura a escritura, a arte esotérica transposta à 3ª dimensão, para que os desejos mais íntimos da nossa natureza sejam visto e ouvidos e lidos uma e outra e outra vez para nos aliviar do amanhã que desconhecemos e do ontem que já perdemos, deixando o agora dentro de uma névoa passageira que apenas incomoda por um instante.

Pelos cantos das casas batemos com as cabeças nas paredes como que tentando extrair furiosamente a alma aprisionada que nos incomoda tanto, e apenas em desabafos melancólicos de chuva e poesia e frases soltas encontramos algum conforto. O outro ouve mas não sente, e conversa após conversa traz apenas perguntas a adicionar à lista de uma viagem espiralada em direcção ao desespero suicida, sem sequer termos a consciência da perfeição do eu no instante presente, na exaltação da felicidade extrema e orgásmica que habita apenas nos nossos sonhos.

Traz contigo as tuas dúvidas os teus medos, leva-os para a mesma ilha que sempre conheceste mas não ousaste visitar e deixa-te levar por ti mesmo. Respira fundo e traz-te ao de cima, expira e afunda-te. No fim, verás que tudo estará bem.

Trabalho enviado pelo participante João Malha, de 23 anos, da Sobreda. 

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