Prosa: Rotina de uma alma perdida
As minhas mãos vão perdendo a cor aos poucos, só consigo avistar as veias, e até as sinto mais vivas do que a minha alma.
Votação fechada. Vê os resultados na fanzine publicada com o Correio da Manhã de dia 25 de junho. Entretanto, recordamos que o concurso é mensal e contamos com os teus trabalhos (vê aqui o
Votação fechada. Vê os resultados na fanzine publicada com o Correio da Manhã de dia 25 de junho. Entretanto, recordamos que o concurso é mensal e contamos com os teus trabalhos (vê aqui o regulamento).----------
As minhas mãos vão perdendo a cor aos poucos, só consigo avistar as veias, e até as sinto mais vivas do que a minha alma. Á medida que os meus olhos olham em redor, vejo que o mundo está tão sem cor, não tem alegria… e assim me pergunto, se é a visão real dele, ou se é a minha própria visão do mundo. Caminho em frente, sem saber qual o destino, os passos vão ficando mais curtos e incertos, olho para o ceu da noite escura, a calma está por cada canto da cidade, reparo nas estrelas… A sua beleza encanta-me, não lhes posso tocar mas consigo apreciar nada raio de luz que ilumina o céu desta noite tão fria. Parece que a única coisa que me faz sentir viva é a melodia de cada musica que está presente nos meus dias e sentir a brisa do vento a passar cada parte do meu corpo, faz-me sentir de certa maneira livre, mas não me sinto livre ao todo, como se eu tivesse presa dentro de mim mesma onde os pensamentos parecem não ter fim e eu não encontro forças para encarar isso sozinha. Vejo-me ao espelho e a minha imagem não reflecte o que antes me habituara a ver, já nem emoção de encarar a vida se encontra nos meus olhos, cada parte do meu cabelo cai sob a minha face, como se eu me tivesse a proteger de algo. A minha respiração vai ficando lenta e incerta, olho mais uma vez em redor e é incrível como tudo parece tão banal, nada muda… a vida continua sem cor, e eu continuo sem paciência para lhe arranjar alguma cor que a alegre. Sinto a pulsação do meu coração, e isso é a única coisa que me faz ver que estou viva, mas não dou qualquer sinal da minha existência, porque por dentro sinto cada pedaço meu a adormecer aos poucos, a minha alma está calma…como se já nem estivesse mais vida. Limito-me a adormecer e acordar a pensar no mesmo, a abrir os olhos e fecha-los, mesmo muitas vezes forçada, como se estivesse programada para tal, porque nem para isso tenho motivação. Já é de dia, consigo avistar os raios de sol a cair sob o chão húmido do meu quarto, consigo sentir os seus raios a percorrer a minha face, mas nem o seu calor sou capaz de sentir, como se eu fosse algo sem vida num mundo com tanto movimento, muito mais do que senti nestes últimos dias. Vou continuar a limitar-me apenas a existir a cada dia, dias esses que vão ser sem emoção, sem presença de qualquer sentimento, talvez eu já tenha sentido demais e agora seja altura de um descanso. Os dias vão perdendo os raios de sol e substitui-se por um céu imenso com estrelas, as arvores vão perdendo folhas e até mesmo o canto dos pássaros, tudo no mundo se perde, e acho que a pior coisa que eu já perdi, foi a mim mesma.
Texto enviado pela participante Cláudia Costa, 15 anos, da Baixa da Banheira.
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