Polícia com ordens para não usar a força na Catalunha

Mossos d’Esquadra selaram mais de metade das assembleias de voto.

01 de outubro de 2017 às 01:30
catalunha, referendo Foto: EPA
polícia, catalunha Foto: Direitos Reservados
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"Não haverá referendo na Catalunha". A garantia foi dada este sábado pelo governo espanhol, depois de a polícia ter encerrado "a grande maioria" das assembleias de voto e bloqueado o sistema informático de contagem dos votos preparado pelo governo catalão para a consulta de hoje, declarada ilegal pelo Tribunal Constitucional. A grande preocupação das autoridades é evitar a violência durante uma jornada que se prevê extremamente tensa, tendo a polícia recebido ordens expressas para evitar usar a força salvo em caso de autodefesa ou para travar agressões entre apoiantes e opositores da independência.

Desde sexta-feira à tarde, agentes dos Mossos d’Esquadra inspecionaram e selaram mais de 1300 escolas indicadas pelo governo regional como locais de voto. Destas, 163 estavam ocupadas por pais, alunos e professores que improvisaram festas e atividades extracurriculares numa tentativa de manter os locais abertos até à manhã de hoje. A polícia optou por não desalojar nenhum destes locais, principalmente devido à presença de menores, mas avisou que teriam de ser encerrados até às 05h00 da manhã de hoje. Se isso não acontecer, os agentes não usarão a força para expulsar os ocupantes, optando por criar cordões de segurança em volta dos edifícios para impedir o acesso de votantes.

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A Guardia Civil desativou ainda todo o aparato informático que estava preparado para a consulta, incluindo uma aplicação de voto eletrónico que poderia ser usada para contornar a apreensão de boletins físicos. Foi igualmente bloqueada a rede informática que iria ligar as mesas e permitir a contagem eletrónica dos votos. "Não há locais para votar, não há boletins, não há ninguém para comprovar os resultados. Poderá haver um simulacro de votação nalguns locais, mas não haverá referendo" garantiu o MNE, Alfonso Dastis.

Independentistas rebaixam expectativas 

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As duas principais associações impulsionadoras do referendo, a Assembleia Nacional Catalã e o Òmnium Cultural, reconheceram ontem que, perante o "cerco" das autoridades espanholas, chegar a um milhão de votantes no referendo de hoje "já seria um êxito". "Com toda esta pressão será difícil uma elevada participação", admitem, afirmando que é preciso "heroísmo" para sair de casa e votar.

Milhares nas ruas para defender unidade de Espanha 

Dezenas de milhares de pessoas saíram ontem à rua em Barcelona e dezenas de outras cidades espanholas para defender a unidade de Espanha e a Constituição, naquele que foi o primeiro grande protesto nacional contra o referendo na Catalunha. As manifestações decorreram de forma pacífica, mas registaram momentos de tensão junto à sede do governo regional catalão quando manifestantes arrancaram cartazes e bandeiras independentistas.

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PORMENORES

Multas de 300 mil euros

Os voluntários que aceitarem fazer parte das mesas de voto poderão ser punidos com multas até 300 mil euros, avisou o governo de Madrid.

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Ordem para madrugar

Organizadores do referendo aconselharam os eleitores a começarem a fazer fila junto aos locais de voto a partir das 05h00 da manhã. Se forem impedidos de votar, devem estar preparados para permanecer no local, de forma pacífica, até ao final do dia.

Questão de foro interno

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O governo português diz que a "questão catalã" é um problema "do foro interno" de Espanha e deve ser considerada "no quadro do respeito pela Constituição e pelas leis espanholas", numa posição secundada pelo PR Marcelo Rebelo de Sousa.

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