May adia votação para evitar derrota
Forte oposição no Parlamento leva governo a adiar votação do acordo do Brexit por tempo indeterminado.
A primeira-ministra Theresa May voltou esta segunda-feira a mergulhar o processo de saída do Reino Unido da União Europeia no caos e na incerteza, ao adiar à última hora a votação do acordo do Brexit no Parlamento devido ao risco de uma derrota humilhante para o seu governo.
May vai agora tentar obter novas ‘garantias’ dos 27, mas Bruxelas já avisou que o acordo que existe é aquele que está em cima da mesa e não haverá mais concessões.
"Se fôssemos em frente e votássemos amanhã [hoje], o acordo seria rejeitado por uma margem significativa de deputados", admitiu a primeira-ministra, afirmando que decidiu adiar a votação "para não dividir o Parlamento".
Em causa continua a estar a controversa questão da ‘salvaguarda’ incluída no acordo para evitar a imposição de uma fronteira física entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte.
A solução negociada entre Londres e Bruxelas, que implica a manutenção do Reino Unido na união alfandegária até serem acordados os termos de uma futura relação comercial, não agrada nem a gregos nem a troianos.
É sobre essa questão que May promete agora obter "garantias adicionais" de Bruxelas numa tentativa de convencer os deputados, muito embora o executivo comunitário já tenha garantido várias vezes que o acordo está fechado e não será alterado.
Brexit pode ser revogado unilateralmente
De acordo com o Tribunal, Londres pode retirar a invocação do Artigo 50 sem consultar os restantes Estados-Membros, mantendo-se assim na UE com as condições atuais.
Oposição fala em "desespero"
A oposição diz que o adiamento da votação é "um ato desesperado" para tentar salvar o acordo. "O governo deixou de funcionar e deve sair do caminho", defendeu o líder trabalhista Jeremy Corbyn.
Liberais-democratas e nacionalistas prometeram apoiar moção de censura.
PORMENORES
Rebeldes furiosos
O líder dos rebeldes conservadores que se opõem ao acordo do Brexit defendeu que May "deve governar ou demitir-se". "Theresa May andou dois anos a negociar o Brexit para isto?", questionou Jacob Rees-Mogg.
"Clarificação é possível"
O PM da República da Irlanda, Leo Varadkar, reiterou que o acordo aprovado pelo Conselho Europeu Extraordinário de novembro "é o único sobre a mesa" e não será reaberto, mas admitiu que Bruxelas pode "clarificar alguns aspetos" no que diz respeito à salvaguarda.
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