Canadá retira anúncio de TV que levou Trump a romper negociações comerciais 

Trump acusou Otava de distorcer as palavras do antecessor Ronald Reagan.

24 de outubro de 2025 às 21:09
Donald Trump Foto: Presidential Office of Ukraine/AP
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O governo da província canadiana de Ontário anunciou hoje a suspensão de uma campanha publicitária televisiva contra o aumento das tarifas norte-americanas que levou Presidente Donald Trump a romper negociações comerciais com Otava.

Doug Ford, chefe do governo do Ontário, afirmou que a decisão de suspender a campanha, a partir de segunda-feira, foi tomada após discussões com o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, para "permitir o retomar das negociações comerciais".

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Trump decidiu hoje cessar, com efeito imediato, as negociações comerciais com o Canadá, acusando Otava de distorcer as palavras do antecessor Ronald Reagan, numa campanha publicitária contra o aumento de tarifas alfandegárias.

Antes da inesperada declaração, um acordo comercial entre Otava e Washington sobre o aço, o alumínio e a energia parecia provável, de acordo com o jornal canadiano Globe and Mail, antes do encontro previsto entre Carney e Trump durante a cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), no final do mês.

Na rede social X, Ford adiantou que o anúncio ainda irá para o ar nos Estados Unidos este fim de semana, principalmente durante os dois primeiros jogos da final do Campeonato de Basebol, que tradicionalmente geram uma grande audiência.

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Carney afirmou hoje estar pronto para retomar as negociações comerciais "assim que os norte-americanos estiverem prontos", dando a entender que as discussões bilaterais conheciam avanços.

"Estamos prontos para continuar nesse caminho e aproveitar esses progressos quando os norte-americanos estiverem prontos", referiu.

O Canadá é um dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, mas as relações entre os dois países esfriaram desde que Trump iniciou uma guerra comercial contra os aliados comerciais de Washington e expressou o desejo de anexar o vizinho do norte, após ter regressado à Casa Branca, em janeiro deste ano.

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Aproximadamente 85% do comércio transfronteiriço permanece isento de tarifas, já que os Estados Unidos e o Canadá são membros do Acordo de Livre Comércio da América do Norte.

Mas as tarifas setoriais globais de Trump, particularmente sobre aço, alumínio e automóveis, atingiram duramente o Canadá, levando à perda de empregos e colocando as empresas sob pressão.

Em setembro passado, o Supremo Tribunal norte-americano aceitou rever rapidamente a legalidade da maior parte das tarifas impostas por Trump, uma causa que o próprio Presidente considera "vital" para manter em vigor o aumento das tarifas e levar por diante o seu programa económico.

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O Supremo deve ouvir no início de novembro os argumentos sobre se a administração Trump pode usar poderes económicos de emergência para impor o maior aumento tarifário da história recente do país.

Trump repetiu hoje as acusações ao governo do Canadá, com base num anúncio televisivo que chamou de fraudulento promovido com palavras do ex-presidente republicano Ronald Reagan (1981-1989) contra os impostos, algo que, segundo Trump, foi tirado do contexto.

"O Canadá fez batota e foi descoberto. [...] O Canadá tenta influenciar ilegalmente o Supremo Tribunal dos Estados Unidos numa das sentenças mais importantes da história do nosso país", escreveu Trump na sua rede Truth Social.

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Donald Trump referia-se à campanha publicitária financiada pela província canadiana de Ontário, no valor de cerca de 75 milhões de dólares (cerca de 64,5 milhões de euros), com o objetivo de convencer os eleitores republicanos norte-americanos, de acordo com vários meios de comunicação social.

A Fundação Ronald Reagan declarou na rede social X que a campanha publicitária canadiana utilizou "de forma seletiva excertos de áudio e vídeo" de um discurso radiofónico sobre o comércio do antigo presidente republicano, em abril de 1987.

De acordo com a fundação, a publicidade distorcia as palavras de Ronald Reagan (1981-1989), acrescentando que estava "a analisar as suas opções jurídicas neste caso".

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