Dick Cheney: morreu o vice-presidente mais poderoso dos EUA

Dick Cheney, um dos vice-presidentes mais influentes e controversos da História dos Estados Unidos, morreu ontem aos 84 anos. Ocupou o cargo durante os dois mandatos de George W. Bush, entre 2001 e 2009. Segundo informou a família, Cheney “morreu devido a complicações de pneumonia e de doença cardíaca e vascular”. Tinha um longo histórico de problemas cardíacos: sofreu cinco ataques cardíacos e foi submetido a um transplante de coração em 2012.

Cheney entrou na política em 1978, quando foi eleito para o Senado pelo estado do Wyoming, meses depois de ter sofrido o primeiro ataque cardíaco. Em 1989 deixou o Senado para ser secretário da Defesa de George H. W. Bush (Bush pai) e liderou o Pentágono durante a primeira Guerra do Golfo (1990–1991). Já era uma figura importante em Washington quando o então governador do Texas, George W. Bush, o escolheu como companheiro de candidatura nas presidenciais de 2000, que venceu. Como vice-presidente, Cheney foi uma peça central na definição da ‘Guerra ao Terror’, a resposta dos EUA aos atentados de 11 de setembro de 2001. Teve influência direta nas decisões que levaram às invasões do Afeganis- tão e do Iraque, bem como na implementação de métodos de interrogatório controversos, incluindo simulação de afogamento, privação de sono e outras formas de coerção física e psicológica consideradas como tortura. Alta- mente controverso pelo papel de influência que desempenhou — e que, para os seus críticos, extravasava o limite das competências de um vice-presidente —, Cheney tornou-se nos seus últimos anos de vida numa figura polémica dentro do próprio Partido Republicano pela sua oposição e repetidas críticas a Donald Trump. Em 2024, anunciou publicamente o voto na democrata Kamala Harris.

Formação -  Ciência Política

Richard Bruce Cheney nasceu em Lincoln, no Nebraska, a 30 de janeiro de 1941, e cresceu no pouco povoado estado do Wyoming, no Oeste do país. Frequentou a Universidade de Yale, mas abandonou a prestigiada instituição da costa Leste e acabou por se licenciar em Ciência Política na Universidade do Wyoming.

Polémica - críticas a trump

“Nos 248 anos de história da nossa nação, nunca houve um indivíduo que representasse uma ameaça maior à nossa república do que Donald Trump”, disse Dick Cheney, que acabou a ser amplamente ostracizado pelo Partido Republicano devido às suas intensas e públicas críticas ao Presidente Trump, a quem chamou de “cobarde”.

George W. Bush lamentou a morte de Dick Cheney, descrevendo-o como “um homem decente e honrado” e “um dos mais notáveis servidores públicos da sua geração”. “A morte de Richard B. Cheney é uma perda para a nação e uma tristeza para os seus amigos. A Laura e eu recordaremos Dick Cheney como o homem decente e honrado que foi. A História irá lembrá-lo como um dos mais notáveis servidores públicos da sua geração”, disse o antigo presidente dos EUA.

Também o antigo vice-presidente Mike Pence sublinhou o papel de Cheney como defensor da segurança nacional dos EUA. “Ao longo da sua longa carreira, foi um patriota americano que defendeu os homens e mulheres das nossas Forças Armadas e a importância de manter uma forte defesa nacional para a segurança da América, dentro e fora do país”, declarou Pence.