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Brigitte Bardot: Morreu a mulher que Deus criou

Ícone do cinema francês morreu aos 91 anos, na sua casa de Saint-Tropez, França. Apesar de se ter retirado cedo do cinema, aos 39 anos, o seu legado é enorme.

29 de dezembro de 2025 às 01:30

Queria ser bailarina e estudava no Conservatório de Paris quando a sua beleza chamou a atenção dos caçadores de talentos da moda. Contratada como modelo fez capa da revista ‘Elle’ com apenas 15 anos. Foi essa projeção que lhe valeu os primeiros convites como atriz, mas seria o filme ‘E Deus Criou a Mulher’ – realizado pelo primeiro marido, Roger Vadim, em 1956 – que a catapultou para a fama.

Brigitte Bardot, também conhecida pelas iniciais BB, morreu no domingo, aos 91 anos, na sua casa de Saint-Tropez, França. Apesar de se ter retirado cedo do cinema – aos 39 anos – o seu legado é enorme. O mundo nunca tinha visto nada assim: a assunção despudorada da sexualidade, misturada com uma ingenuidade desconcertante tornaram Brigitte Bardot num símbolo sexual em todo o Mundo.

Ao longo da carreira, fez 47 filmes, alguns importantes como ‘AVerdade’, de Henri-Georges Clouzot; ‘Babette vai à Guerra’, de Christian-Jacque ou ‘O Desprezo’, de Jean-Luc Godard, e entre as últimas incursões na sétima arte estão os filmes que rodou em Hollywood, como ‘Viva Maria’, de Louis Malle (que lhe valeu uma nomeação para os BAFTA) e ‘Shalako’, de Edward Dmytryk. Paralelamente, fez carreira na música, gravando perto de 80 canções, populares nas décadas de 1960 e 1970.

Mas mesmo depois de abandonar a sétima arte, Brigitte Bardot continuou a ser notícia. Casou quatro vezes, mas os seus ‘affairs’ com colegas de trabalho – e não só – encheram páginas de jornais. A própria admitiu que teve, ao longo da vida, “17 relacionamentos amorosos”. “Sempre procurei a paixão. É por isso que fui tantas vezes infiel”, confidenciou. “Quando a chama desaparecia, eu fazia as malas e partia”, acrescentou.

Teve um único filho, mas a própria reconheceu que não foi talhada para a maternidade e que só não abortou porque era ilegal na França desse tempo. A relação com Nicolas-Jacques Charrier – fruto do casamento com o ator Jacques Charrier – nunca foi fácil: quando o casamento acabou, o pai ficou com a custódia da criança e quando o miúdo, com 12 anos, lhe pediu para ir viver com ela, Brigitte Bardot ignorou-o. Mãe e filho estiveram anos sem falar e ele processou a mãe pela forma como falava dele nas suas ‘Memórias’ (ganhou o processo e Brigitte foi obrigada a dar-lhe quase 13 mil euros em 1997). Ao que parece, tinham feito as pazes: em 2018 já comunicavam regularmente e “reuniam-se uma vez por ano”.

A notícia da morte da estrela foi confirmada por Bruno Jacquelin, da Fundação Brigitte Bardot para a Proteção dos Animais, que ocupava a maior parte do tempo e energia da antiga atriz desde que se retirou. Não foi revelada a causa da morte.

Uma voz ativa na defesa dos animais

Retirada do cinema, Brigitte Bardot abraçou a causa animal com força e em 1986 – com o dinheiro da venda das suas jóias – criou a Fundação Brigitte Bardot para a Proteção e Bem-Estar dos Animais. Tornou-se vegetariana e entre as suas lutas mais conhecidas estão a tentativa de abolir o consumo de carne de cavalo em França e a exigência de melhores condições de transporte para os animais.

O apoio polémico à extrema-direita

Em 1990, Brigitte Bardot casou com Bernard D’Ormale, conselheiro de Jean-Marie Le Pen, do partido de extrema-direita Frente Nacional. Em 1997, escreveu “Carta Aberta à minha França Perdida”, em que lamentava que o país estivesse a ser “invadido por uma quantidade excessiva de estrangeiros, sobretudo muçulmanos”. Outros comentários negativos sobre homossexuais, mistura racial, o papel das mulheres na política e o Islão tornaram-na alvo de processos judiciais pelos quais pagou várias multas.

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