Agência Internacional de Energia Atómica insiste que situação em redor da central de Zaporijia é "muito frágil"

Deveria ter ocorrido esta quinta-feira uma rotação de funcionários da AIEA naquela central, mas não ocorreu.

09 de fevereiro de 2023 às 22:19
central nuclear de Zaporijia Foto: ALEXANDER ERMOCHENKO/Reuters
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O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, alertou esta quinta-feira que a situação em redor da central nuclear ucraniana de Zaporijia, controlada pelas forças russas desde março, continua "muito frágil".

"Infelizmente, a situação continua muito frágil e instável", advertiu Grossi, após uma reunião com o diretor-geral da agência atómica russa Rosatom, Alexey Likhachev.

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O responsável pela agência nuclear das Nações Unidas detalhou que deveria ter ocorrido esta quinta-feira uma rotação de funcionários da AIEA naquela central, mas que isso não ocorreu.

"Um grupo devia ter saído da central e um outro devia ter entrado. Infelizmente tivemos que adiar a troca, devido à situação que se vive na região, as fortes explosões", detalhou Grossi, citado pela agência de notícias RIA Nóvosti.

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Já o diretor-geral da Rosatom manifestou a sua confiança na criação "muito urgente" de uma zona de segurança em torno da maior central nuclear da Europa.

"Apesar do clima altamente politizado em torno do assunto, a agência mantém a sua postura profissional e procura uma solução real para o problema. Valorizamos muito a presença de especialistas da AIEA na central", garantiu Likhachev.

A agência atómica russa adiantou que Likhachev informou Grossi sobre "as medidas que o lado russo está a tomar" para a segurança da central e as "confortáveis condições de vida" da sua equipa, bem como dos seus familiares.

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O funcionamento da central nuclear continua a ser garantido graças a técnicos ucranianos aos quais a Rússia ofereceu novos contratos, adicionando-os a uma corporação gerida pela Rosatom, após a anexação de Zaporijia pela Rússia em setembro de 2022, considerada ilegal pela Ucrânia e os aliados ocidentais.

A central tem sido alvo de bombardeamentos periódicos, pelos quais Moscovo e Kiev são mutuamente responsáveis.

A AIEA propôs a criação de uma zona desmilitarizada em torno da central nuclear, onde a agência da ONU estabeleceu uma presença permanente já no ano passado, mas ainda não houve acordo entre as partes.

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O diretor-geral da AIEA esteve pela última vez em Moscovo em dezembro de 2022, quando se reuniu com Likhachov.

Em janeiro, Grossi viajou para Kiev, onde se reuniu com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para discutir a situação de segurança em Zaporijia e o envio de missões da AIEA para outras centrais nucleares do país.

Todos os seis reatores da central permanecem desligados e dois continuam em modo de encerramento a quente, para fornecer vapor e calor às instalações e à cidade vizinha de Energodar.

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A central também continua a receber a eletricidade externa necessária para as funções essenciais de segurança.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

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A invasão russa justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.155 civis mortos e 11.662 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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