Agentes ambientais atacados a tiro na Amazónia

Coordenador do Ibama avançou que o ataque foi feito por garimpeiros que atuam ilegalmente na reserva indígena.

Amazónia consumida pelas chamas Foto: EPA
Partilhar

Agentes do Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, que fiscalizavam denúncias da presença de invasores e de focos de destruição na reserva indígena Ituna-Itatá, na região de Altamira, sudoeste do estado brasileiro do Pará, foram alvos de um ataque a tiro esta sexta-feira. Forças policiais que acompanhavam os agentes do Ibama responderam ao ataque, mas não há notícia de feridos.

Hugo Loss, coordenador do Ibama naquela região, avançou que o ataque à bala contra os fiscais ambientais foi feito por garimpeiros que atuam ilegalmente na reserva indígena. Agentes da Polícia Federal e da Força Nacional que faziam a escolta dos fiscais ainda correram em busca dos atiradores, mas estes conseguiram fugir na densa floresta.

Pub

Duas retroescavadoras e vários motores, que os garimpeiros usam para derrubar árvores e prospectar ouro, foram destruídos pelos agentes do Ibama. A reserva Ituna-Itatá foi criada para proteger índios isolados, que nunca tiveram contacto com outras pessoas, mas Loss calcula que ao menos 10% de toda a área já foi destruída por invasores.

Em julho passado, agentes do Ibama sofreram outros dois ataques noutro estado da Amazónia, Rondónia. Num deles, camiões com combustível destinado a abastecer helicópteros do Ibama foram cercados por homens armados e incendiados, e no segundo, um helicóptero daquele órgão ambiental foi alvejado durante uma ação de fiscalização, mas o piloto conseguiu tirar a aeronave do alcance das armas de guerra utilizadas pelos atiradores.

A Amazónia vive há meses uma vaga de destruição sem precedentes, incentivada por declarações do presidente Jair Bolsonaro de que a floresta não pode continuar apenas nas mãos de meia dúzia de milhares de índios e que tem de ser explorada comercialmente para dividir as suas imensas riquezas por todo o Brasil. Ao mesmo tempo, Bolsonaro desmontou os órgãos de fiscalização ambiental, como o Ibama, argumentando que serviam apenas para caçar multas e prejudicar quem queria trabalhar na floresta, mas ante a indignação internacional pelo avanço dos incêndios criminosos e da derrubada de árvores por garimpeiros e proprietários de terra, mandou nos últimos dias reforçar a fiscalização na selva.

Pub

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar