“As coisas não podem continuar assim, o país exige uma ação decisiva”: Friedrich Merz poderá suceder a Scholz na Alemanha

Friedrich Merz, líder da CDU, deverá sair vencedor das legislativas de domingo.

22 de fevereiro de 2025 às 01:30
Friedrich Merz é apontado como o próximo chanceler alemão Foto: Teresa Kroeger/Reuters
Alice Weidel é a líder da extrema-direita, a AfD. Espera um grande resultado
O atual chanceler Olaf Scholz, do SPD, deverá ser o grande derrotado das eleições
Robert Habeck, o líder dos Verdes, poderá vir a integrar o futuro governo

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“As coisas não podem continuar assim. Um governo federal liderado por mim resolverá, passo a passo, os problemas estruturais do nosso país. Os impostos elevados, o alto preço da energia, os altos custos laborais e a burocracia maciça, aliados a um fraco crescimento da produtividade, exigem uma ação decisiva. Não se trata apenas de ajustar pequenos parafusos, mas de uma verdadeira mudança de política.” Este o rumo traçado por Friedrich Merz para a Alemanha, o motor da Europa, que no domingo vai às urnas. Será ele a suceder a Olaf Scholz na condução dos destinos do país, de acordo com as sondagens. Formado na Universidade de Bona, o milionário alemão chegou à liderança da CDU (União Democrata-Cristã) em dezembro de 2021.

Conservador, católico e jurista, o antigo eurodeputado esteve afastado da política durante quase uma década, pouco depois de perder a disputa pela liderança da CDU para Angela Merkel. E foi por essa altura que fez fortuna, na advocacia, como advogado e consultor sénior da firma de advogados internacional Mayer Brown. Prepara-se agora para regressar pela porta grande, com um projeto de reformas estruturais ambicioso, nomeadamente no domínio económico, como a redução da carga fiscal das empresas para um máximo de 25%, a redução da burocracia e a revisão dos benefícios sociais, onde não está afastada a hipótese de haver cortes.

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Intenções de voto nas eleições alemãs

Haverá um reforço financeiro na área da defesa e regras mais apertadas no campo da imigração ilegal. “Em quatro dias chegam ao país tantos novos imigrantes ilegais como as deportações num mês”, afirmou, num debate com Olaf Scholz.

Ora, é precisamente aqui que se centra o combate do maior adversário da CDU nestas eleições, a ultradireita AfD – Alternativa para a Alemanha, de Alice Weidel, que defende a deportação dos imigrantes ilegais, ao estilo de Trump, nos EUA.

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Também não vê com bons olhos a presença do país na NATO e pede o fim das sanções à Rússia. O resultado da extrema-direita é uma das grandes incógnitas destas eleições, sendo certo que as sondagens apontam para um valor da ordem de 20%.

Caso seja eleito, Friedrich Merz já disse que não conta com a AfD para formar governo – nem com a CDU nem com qualquer outro partido. Provavelmente fará uma aliança com os sociais-democratas (SPD) e, eventualmente, com os Verdes, mas a forma como vai lidar com o crescimento da extrema-direita será um dos grandes desafios do seu executivo. 

Barreira

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O Bundestag (o parlamento alemão) é composto pelo menos por 598 deputados. Para que a composição de maiorias não seja comprometida pela presença excessiva de pequenos partidos, existe a cláusula de exclusão, a barreira de 5%.

Antecipação

Já foram realizadas eleições antecipadas três vezes na República Federal da Ale- manha: 1972, 1983 e 2005. No domingo será a quarta vez.

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Presidente

O Presidente federal alemão não é eleito diretamente pelo povo, mas pela Assembleia Nacional alemã. Reúne a cada cinco anos para essa finalidade, a menos que o Presidente termine o seu mandato antes do tempo.

Extrema-direita recebe apoio de Elon Musk

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Os alemães precisam de votar pela mudança. E é por isso que recomendo fortemente que as pessoas votem no AfD.” As palavras do braço direito de Donald Trump e homem mais rico do mundo incendiaram a campanha alemã e foram alvo de duras críticas por parte de todos os outros partidos concorrentes. Até que ponto Elon Musk conseguiu influenciar a decisão dos eleitores alemães só no domingo se saberá, após o encerramento das urnas e a divulgação dos resultados. Certo é que a Alternativa para a Alemanha (AfD) surge em segundo lugar nas sondagens, bem à frente do SPD, do atual chanceler Olaf Scholz, mas distante da CDU, de Friedrich Merz. Contudo, também é verdade que as vendas do Tesla na Alemanha caíram perto de 60%, em termos homólogos, após as declarações de Elon Musk. Os Verdes, em queda desde 2022, têm vindo a recuperar algum terreno nas últimas semanas e podem mesmo vir a integrar um futuro governo.