As polémicas e críticas à BBC desde 2020
Demissão do diretor-geral da BBC e da diretora do canal de notícias do grupo é a mais recente de uma série de polémicas envolvendo a emissora pública britânica.
A controvérsia que levou, no domingo, à demissão do diretor-geral da BBC e da diretora do canal de notícias do grupo é a mais recente de uma série de polémicas envolvendo a emissora pública britânica.
As críticas contra este meio de comunicação com audiência mundial intensificaram-se desde a guerra de Israel em Gaza, lançada em retaliação ao ataque mortal do Hamas em 7 de outubro de 2023, e o regresso de Donald Trump à Casa Branca.
Estes são alguns dos principais casos que marcaram a instituição desde 2020, num clima político cada vez mais polarizado, em que os meios de comunicação tradicionais são criticados.
- Maio de 2021 - Métodos "desonestos"
Um relatório independente mostra que um jornalista da BBC utilizou "métodos desonestos" para obter uma entrevista chocante com a princesa Diana em 1995, que impulsionou a sua carreira. A BBC edeve pedir desculpas e reconhecer ter prejudicado o ex-secretário particular da princesa Patrick Jephson.
De acordo com o relatório, o jornalista, Martin Bashir, apresentou extratos bancários falsos ao irmão de Diana, Charles Spencer, para fazê-lo acreditar que os serviços de segurança pagavam a duas pessoas para espionar a irmã, informações que, segundo Charles Spencer, o levaram a apresentar o jornalista a Diana.
O autor do relatório também criticou a BBC pela sua gestão do caso.
- Julho de 2023 - Apresentador famoso suspenso
Em julho de 2023, um dos principais apresentadores dos noticiários da BBC, Huw Edwards, foi acusado de ter pago a um menor em troca de fotos explícitas e condenado no ano seguinte pela posse de imagens ilegais
A mãe do menor criticou a BBC por ter mantido o apresentador em funções depois das denúncias e uma auditoria conclui que os procedimentos internos para tratar de queixas sobre o comportamento dos seus funcionários carecem de "consistência".
Desde o caso Jimmy Savile em 2012, autor de violações e agressões sexuais a numerosos menores durante décadas, outras personalidades da BBC foram acusadas de assédio ou agressão sexual.
-Fevereiro de 2025 - "Falha grave" num documentário sobre Gaza
Criticada por suposta parcialidade no conflito em Gaza por ambos os lados, a BBC foi acusada de "falha grave" pelo regulador britânico dos meios de comunicação social, Ofcom, após a transmissão de um documentário sobre Gaza narrado pelo filho de um líder do Hamas, organização considerada terrorista por muitos países, incluindo o Reino Unido, o que o documentário omitiu.
- Maio de 2025 - Apresentador de futebol acusado de antissemitismo
Apresentador do programa de futebol da BBC, "Match of the Day", Gary Lineker abandonou o cargo um ano antes do fim do seu contrato, após uma mensagem antissemita que o ex-jogador de futebol diz ter partilhado por engano na rede social X.
O vídeo pró-palestiniano criticava o sionismo, com um emoji em forma de rato, símbolo usado pela Alemanha nazista para descrever os judeus.
- Junho de 2025 - Festival de Glastonbury
A BBC foi criticada por parcialidade pró-palestiniana por ter transmitido ao vivo um concerto do grupo Bob Vylan no festival musical de Glastonbury, durante o qual um dos membros gritou "Morte, morte ao IDF", as forças armadas israelitas.
Tim Davie apresentou desculpas e anuncia que não transmitirá mais ao vivo concertos "de alto risco".
- Novembro de 2025 - montagem enganosa de um discurso de Trump
O jornal conservador The Telegraph revela que um relatório redigido pelo ex-consultor independente do comité de normas editoriais da BBC Michael Prescott referiu uma montagem enganosa de um discurso de Donald Trump proferido no dia do assalto de apoiantes ao Capitólio, em 06 de janeiro de 2021, num documentário transmitido pouco antes das eleições presidenciais norte-americanas de novembro de 2024.
Ele afirma que os responsáveis pelas normas editoriais do grupo, apesar de informados do problema, "recusaram-se a admitir que houve uma violação das regras".
A pressão aumentou quando vários meios de comunicação e figuras conservadoras, incluindo a líder conservadora Kemi Badenoch e o ex-primeiro-ministro Boris Johnson, exigem demissões. O diretor-geral Tim Davie reconhece "erros cometidos" e anuncia a demissão, bem como a diretora da BBC News, Deborah Turness.
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