"Assassino": Populares insultam rei de Espanha e atiram-lhe lama

Os moradores da localidade de Paiporta, uma das mais afetadas pelas cheias, receberam os reis de Espanha, este domingo, com lama e insultos. A população está revoltada com a falta de apoio e acusa as autoridades de os terem abandonado, após uma tragédia que já fez mais de 200 mortos. A visita acabou por ser cancelada.

A Guardia Civil foi chamada a intervir e criou um cordão para proteger o rei, que foi cercado por manifestantes que gritaram "assassinos" e "fora". Os seguranças abriram guarda-chuvas para evitar que os monarcas se sujassem, mas sem grande efeito.

Segundo o El Espanhol, o presidente do Governo espanhol, Pedro Sanchéz, foi o primeiro a abandonar o local. Carlos Mazón, presidente da comunidade valenciana, ainda permaneceu mais alguns minutos, ao lado do Rei Felipe VI, rodeado de fortes seguranças. 

Apesar da grande tensão, o Rei e a Rainha, já sujos de lama, percorreram uma das principais ruas do município e tentaram acalmar os ânimos, dirigindo-se aos habitantes para tentar ouvir as suas queixas. A Rainha Letizia abraçou várias mulheres nas ruas de Paiporta, para as consolar pelas suas perdas. Filipe VI também conversou com várias pessoas transtornadas, refere a mesma fonte.

Ambos os monarcas foram os últimos a abandonar a zona.

A visita a Chiva, outra cidade fortemente afetada, foi agora adiada. 

Carlos Mazón, presidente da comunidade valenciana, já reagiu na rede social X (antigo Twitter) referindo que "compreende a indignação" e que assume a responsabilidade política, mas defende os monarcas pela sua atitude "exemplar", pode ler-se na publicação.

De acordo com o último balanço oficial divulgado, as cheias já causaram 217 mortos em Espanha, mais de 200 só na região de Valência. Há ainda várias pessoas desaparecidas.

Milhares de voluntários acorreram, nos últimos dias, às zonas mais afetadas pela tragédia que assola o país desde o início desta semana.