Ataque com fezes a juiz e a Lula da Silva mostram aumento do radicalismo no Brasil

Autor de ataque a antigo presidente, durante comício, foi detido.

Lula da Silva Foto: REUTERS /AMANDA PEROBELLI
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Radicais de extrema-direita alegadamente simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro estão a promover ataques políticos  inusitados e perigosos, misturando fezes humanas, urina, veneno agrícola e explosivos. Em 24 dias, esses ataques criminosos, que estão muito longe do que seria aceitável numa democracia plena e civilizada, já atingiram eventos em que participava o ex-presidente Lula da Silva, líder das sondagens para as novas presidenciais de Outubro, e um juiz federal que mandou prender um aliado muito próximo a Bolsonaro.

No primeiro ataque desse tipo, ocorrido em 15 de Junho na Universidade Federal do Triângulo Mineiro, em Uberaba, no estado de Minas Gerais, um drone despejou sobre uma multidão que aguardava um discurso de Lula uma substância extremamente mal cheirosa, que depois se apurou serem fezes humanas misturadas a urina e a um veneno normalmente usado para matar pragas em lavouras. Lula não chegou a ser atingido, mas muitos seguidores foram apanhados em cheio pela nojenta mistura e alguns tiveram início de intoxicação devido ao veneno.

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Na passada quinta-feira, outros dois ataques do mesmo tipo foram registados, um no Rio de Janeiro, novamente contra um comício de Lula da Silva, e outro em Brasília, a capital federal do Brasil, contra o juiz federal Renato Borelli. No caso do Rio de Janeiro, o agressor usou, além de fezes e urina, explosivos, para fazer com que os excrementos atingissem o maior número possível de pessoas e colocando vidas em risco.

No ataque em Brasília, o juiz, que em Junho recebeu dezenas de ameaças de morte de grupos de seguidores de Jair Bolsonaro depois de ter mandado prender o ex-ministro da Educação, o pastor evangélico Milton Ribeiro, acusado de desviar milhões da pasta para favorecer outros pastores e entidades evangélicas, foi atacado quando saiu de casa para ir trabalhar. Mal deixou o imóvel, o carro de Renato Borelli começou a ser bombardeado com grande quantidade de fezes humanas e de animais, de urina e outras substâncias, mas o magistrado conseguiu acelerar e fugir dali mesmo com o para-brisas todo emporcalhado dificultando a visão da via.

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Horas depois, na Cinelândia, tradicional praça de atos políticos no Rio de Janeiro, um homem atirou sobre a multidão uma bomba caseira improvisada com uma garrafa PET cheia de fezes, urina e, desta vez, também com explosivos, que fizeram os excrementos voar longe e atingir muita gente. Lula já estava no local mas ainda não tinha subido ao palco, e por sorte os explosivos não feriram ninguém.

Quatro pessoas foram presas em Uberlândia devido ao primeiro ataque, uma delas, um homem de 38 anos que pilotou o drone à distância, ligado ao agro-negócio da região. No Rio de Janeiro, um homem de 52 anos também foi preso, acusado de detonar engenho explosivo, e confessou que se disfarçou de apoiante de Lula colando autocolantes do antigo presidente na roupa para poder aproximar-se das grades que faziam a proteção do evento e atirar o engenho explosivo por cima delas ao perceber que não conseguiria ir mais além sem ser revistado pela segurança.

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