Autoridades israelitas terão ignorado todos os perigos de segurança antes do massacre do Festival Nova

Investigação das IDF concluiu que não houve coordenação entre a polícia e as Forças de Defesa em resposta à invasão do Hamas.

03 de abril de 2025 às 21:31
Local onde ocorreu festival Nova, massacrado pelo Hamas a 7 de outubro Foto: Susana Vera/ Reuters
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A polícia e as Forças de Defesa de Israel (IDF) terão ignorado todos os perigos de segurança em relação ao festival de música Nova, onde ocorreu o massacre do Hamas, a 7 de outubro de 2023, segundo uma investigação das IDF divulgada esta quinta-feira.

As falhas principais apontadas remetem para o local do evento e para a falta de ação das autoridades, a partir do momento em que surgiram suspeitas de ataque, indica o jornal The Jerusalem Post

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O festival Nova ocorreu bastante perto da fronteira entre Israel e a Palestina. As autorizações logísticas são normalmente responsabilidade da polícia. As IDF podem ser visadas também, caso exista algum fator especial que exija um parecer de segurança nacional, por exemplo, a aproximação à fronteira.

Daí as discussões sobre quem se deve culpar pelo desastre no festival de música.

Na mesma região, houve duas festas diferentes no espaço de poucos dias. A primeira, designada de Unity, ocorreu nos dias 5 e 6 de outubro e, passadas 10 horas, começou a festa Nova, que decorreu até dia 7. Os eventos necessitaram de licenças distintas apesar de usarem a mesma equipa de logística e segurança.

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Inicialmente, a organização da festa Unity recebeu as autorizações necessárias, incluindo da Defesa Aérea israelita, mas três dias antes do evento, foi pedida uma extensão para incluir a festa Nova.

O alargamento foi imediatamente aprovado pela polícia, mas o General da Divisão de Gaza das IDF, Avi Rosenfeld, e o Comandante da Brigada Norte, Haim Cohen, rejeitaram a proposta. Segundo Rosenfeld e Cohen, juntar um evento de grandes dimensões com a festividade judaica Simchat Torá, que decorria na mesma altura, iria criar um peso demasiado grande para as forças de segurança em serviço, limitadas a metade.

Contudo, a extensão da licença foi aprovada, uma vez que a política das IDF é permitir todos os eventos, exceto quando há provas de uma ameaça imediata e concreta, como relembrou o diretor de operações do Comando Sul.

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É importante notar que Rosenfeld tinha uma patente mais alta que o diretor de operações e poderia ter impedido a realização do evento, mas tal não aconteceu. O general foi forçado a demitir-se, em junho de 2024. Cohen demitiu-se meses depois, em dezembro do mesmo ano, também por ser considerado responsável pelo desastre.

De acordo com a investigação das IDF, Rosenfeld falhou em reconhecer que as forças que comandava tinham sido abatidas até várias horas depois do início dos ataques. Já Cohen foi criticado por permanecer nos postos de comando, isolado sobre o estado das forças de segurança no evento.

A investigação explica ainda que apesar de ter havido uma patrulha simples no local do festival previamente, não houve uma reunião para decidir a estratégia a assumir, caso surgisse um problema de segurança. A falta de preparação fez com que não fossem enviadas forças adicionais quando foi necessário.

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Cohen defendeu-se, afirmando que esperava que o comandante do batalhão iria saber o que fazer, mas nada foi feito. Segundo o jornal israelita, isto significa que as forças de patente inferior não estavam a par de que a festa estava a acontecer, então não podiam acudir os festivaleiros.

A polícia também estava mal preparada, porque não tinha um centro de comando no evento, como é habitual nos eventos de maior dimensão em Israel, especialmente perto da fronteira.

A investigação das IDF concluiu que não houve coordenação entre a polícia e as IDF em resposta à invasão do Hamas, o que deixou mais de 400 pessoas indefesas.

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