Bebé e idosa morrem após tempestade torrencial em São Paulo
Mau tempo acompanhado de 14 mil raios provocou vários feridos e fez mais de mil desalojados na cidade brasileira.
Um temporal de rara violência que começou a meio da tarde de terça-feira e só terminou na madrugada desta quarta matou pelo menos duas pessoas, provocou vários feridos e fez mais de mil desalojados na cidade brasileira de São Paulo.
No final da manhã desta quarta-feira, a cidade paulista ainda parecia uma zona de guerra, com casas destruídas, encostas desmoronadas sobre avenidas, lixo por todo o lado e ainda várias vias importantes intransitáveis por causa de inundações ou aluimento da pista.
Num outro vector que provocou muito medo na população, durante a tarde de terça-feira, caíram na cidade de São Paulo, segundo dados do Centro de Gerenciamento de Emergências, 14.071 raios, que fizeram desligar parte da rede eléctrica e derrubaram árvores mas, felizmente, não provocaram vítimas.
Na tarde e noite de terça-feira, 82 árvores de grande porte caíram sobre casas e carros, incluindo sobre uma carrinha escolar cheia de crianças, mas houve apenas feridos ligeiros, e esta quarta outras 13 árvores também caíram, como reflexo da tempestade do dia anterior.
Numa das imagens mais impressionantes da tempestade, um raio atingiu em cheio um comboio que liga o centro da cidade à periferia leste e transportava centenas de pessoas e a imagem desse momento é assustadora, pois toda a composição parecia em chamas.
Mas tudo não passou de um grande susto, pois o sistema anti-raios do comboio funcionou, desligou automaticamente e parou a composição, e o que se viu na imagem foram milhares de faíscas provocadas pelo contacto do raio com a superfície metálica da composição, mas apenas pelo lado de fora.
Numa das regiões mais atingidas, o bairro da água Branca, na zona oeste da cidade, as traseiras de várias casas foram arrastadas pelo ribeiro que fica localizado atrás dos imóveis e que transbordou.
Várias crianças e um adulto foram levados pela corrente ou ficaram sob os escombros das habitações que ruíram e foram socorridos e salvos por vizinhos e pelos bombeiros, mas uma bebé de um ano e oito meses, Sofia Gomes de Araújo, mesmo tendo também sido resgatada do ribeirão com vida, acabou por morrer no hospital.
No bairro do Limão, na zona norte, outra área fortemente atingida, uma outra pessoa morreu. Victoriana Moreno Leão, de 85 anos, morreu depois de a força da enxurrada no rio que passa atrás da casa onde ela morava derrubar o muro de protecção e as paredes e invadir o imóvel, que colapsou, atingindo-a a ela e a outros dois moradores, salvos pelos bombeiros.
De acordo com um balanço provisório, choveu só nas primeiras duas horas do temporal o mesmo que nos últimos 23 dias, que já tinham sido bastante chuvosos.
Ao início da noite de terça, São Paulo registava 52 pontos de inundação em ruas e avenidas, 29 dos quais completamente intransitáveis, e tinha fechado vários dos seus grandes túneis, provocando congestionamentos imensos por toda a cidade.
No meio desse caos, motoristas cujos carros ficaram presos em ruas e avenidas, onde a água da chuva e de rios laterais ou subterrâneos que transbordaram atingiu mais de 2,5 metros na faixa de rodagem, foram salvos por populares e moradores de imóveis vizinhos, verdadeiros heróis anônimos, já que nem os bombeiros conseguiram chegar a muitos desses locais.
Na Avenida 23 de Maio, o chamado Corredor Norte-Sul, que cruza a cidade nesse sentido, dois guardas municipais de grande porte físico também agiram como heróis e, enfrentaram corajosamente a perigosa enxurrada com água pelo peito, conseguiram resgatar ao colo, uma a uma, mais de 30 professoras, algumas idosas e uma delas grávida, que estavam presas num autocarro já tomado pela água e que ameaçava virar.
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