Bolsonaro convoca novos protestos e faz ameaça: "É o último recado"
Manifestação é mais uma clara provocação de Jair Bolsonaro ao governador de São Paulo, João Doria.
Respondendo com uma fúria cada vez maior aos limites que a justiça e até o Congresso, onde tem maioria, tentam colocar ao seu crescente autoritarismo, o presidente Jair Bolsonaro convocou esta terça-feira novos atos de rua em seu apoio para a cidade de São Paulo, capital do estado de mesmo nome governado pelo opositor João Doria. E fez a convocação em tom de ameaça, disparando que esse ato será "o último recado" que dará aos que ousam enfrentá-lo.
"Se o povo assim o desejar, porque eu só devo lealdade ao povo brasileiro, vamos fazer uma grande concentração na Paulista (Avenida Paulista, centro financeiro de São Paulo e local habitual de grandes manifestações políticas), para darmos o último recado para aqueles que ousam açoitar a Democracia. Repito: o último recado, para que eles entendam o que está acontecendo e passem a ouvir o povo. Eu estarei lá."-Disse Bolsonaro a seguidores fanáticos que o aguardavam esta terça-feira à saída da residência oficial, em Brasília, numa rotina que se repete todos os dias e é organizada pela assessoria presidencial, que só deixa passar quem for apoiante do presidente para evitar protestos contra ele ou o governo.
A manifestação é mais uma clara provocação de Jair Bolsonaro ao governador de São Paulo, João Doria, um dos seus potenciais adversários nas presidenciais do ano que vem e uma das vozes mais críticas ao governo. O acto também é mais um ataque ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral, instâncias que têm anulado ou limitado decisões de Bolsonaro que ferem a Constituição e com as quais o governante tem tentado gerir o país com poderes quase absolutos.
Um dos mais fortes motivos de discussão entre Bolsonaro e os órgãos da justiça é a exigência do presidente de que as presidenciais do ano que vem sejam disputadas em cédulas de papel, como 30 anos atrás, e não nas urnas eletrónicas usadas há muito no Brasil e que o governante considera serem controladas por "comunistas", referindo-se aos técnicos do TSE responsáveis pela apuração. O voto impresso foi banido há muito no país, é rejeitado pelo Supremo Tribunal e Pelo Tribunal Superior Eleitoral e até pelo Congresso, onde a própria base do governo não aceita a volta das cédulas de papel, mas Bolsonaro tem repetido a ameaça, já endossada por alguns militares radicais, de que não haverá eleições em 2022 se a vontade dele não for aceite
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