Bolsonaro diz que o mundo está a desabar sobre si mas não teme julgamentos

Ex-presidente afirmou ser um "paralelepípedo no sapato da esquerda".

Bolsonaro Foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS
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Dois dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter tornado públicos os depoimentos em que os ex-comandantes do Exército e da Força Aérea confirmaram terem sido pressionados por Jair Bolsonaro para realizarem um golpe de Estado, o ex-presidente disse estar a ser vítima de uma perseguição implacável, este sábado no Rio de Janeiro. Bolsonaro referiu que o mundo está a desabar em cima da sua cabeça, mas que não teme ser julgado.

"O mundo está a cair na minha cabeça porque eu sou um paralelepípedo no sapato da esquerda. Mas eu não tenho medo de nenhum julgamento, desde que os juizes sejam isentos. Eu poderia estar muito bem noutro país, mas preferi voltar, apesar dos riscos que corro", declarou o ex-presidente.

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As afirmações surgem referentes aos três meses que Bolsonaro passou nos EUA após deixar o cargo temendo ser preso pelo novo governo. Ao participar no lançamento da pré-candidatura de um aliado a autarca do Rio de Janeiro nas municipais do próximo mês de Outubro, o acto suscitou fraca adesão de seguidores, não obstante Bolsonaro ter na capital flluminense o seu principal reduto eleitoral.

Ao mostrar que não teme enfrentar os julgamentos de que irá ser alvo, devido a inúmeros processos em tramitação na justiça, Jair Bolsonaro já evidenciou a linha de defesa para eventuais condenações. A frase de que não teme julgamentos se forem presididos por juizes isentos trata-se de alusão ao juiz que o irá julgar, Alexandre de Moraes, que comanda todos os processos em tramitação contra Bolsonaro no STF e que, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Junho do ano passado, já tornou o antigo chefe de Estado inelegível até 2030.

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Ou seja, Bolsonaro já está a preparar a alegação de que, se for condenado, é porque não teve um julgamento justo. Da mesma forma que, antevendo uma derrota nas presidenciais de 2022, quando tentou a reeleição, afirmou que se perdesse seria porque as eleições teriam sido alvo de fraude.

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