Bolsonaro queria fugir para a Argentina

Pedido de asilo foi encontrado num dos telemóveis apreendidos ao ex-presidente brasileiro.

Bolsonaro é acusado de liderar tentativa de golpe de Estado Foto: AP
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O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro estava a planear fugir para a vizinha Argentina e pedir asilo político ao presidente Javier Milei, com quem tem excelentes relações políticas e pessoais. A revelação consta num relatório da Polícia Federal (PF) entregue esta quarta-feira ao juiz Alexandre de Moraes, relator dos processos contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).

Os alegados planos para a fuga e o pedido de asilo político foram encontrados pela Polícia Federal nos telemóveis recentemente apreendidos a Bolsonaro durante as buscas realizadas na sua casa, em Brasília, onde se encontra em prisão domiciliária no âmbito do processo em que é acusado de tentativa de golpe de Estado, cujo julgamento está marcado para 2 de setembro. Além de áudios e mensagens trocadas entre Jair Bolsonaro e o filho Eduardo Bolsonaro, que está nos EUA desde fevereiro a articular sanções contra o juiz e contra o Brasil em retaliação pelo julgamento do pai, os agentes federais encontraram uma minuta, já pronta para ser assinada, solicitando o asilo político no país vizinho, alegando correr risco de vida.

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“Eu, Jair Messias Bolsonaro, solicito a Vossa Excelência, Milei, asilo político na República da Argentina, em regime de urgência, por me encontrar na situação de perseguido político no Brasil, por temer por minha vida, vindo a sofrer novo atentado político, uma vez que não possuo hoje a proteção necessária que se deve dar a um ex-chefe de Estado”, lê-se numa das 33 páginas da missiva, que tinha sido apagada do telemóvel de Bolsonaro mas que os peritos federais conseguiram recuperar, tal como mensagens escritas e de voz.

O extenso documento, editado por uma utilizadora identificada como Fernanda Bolsonaro, que a Polícia Federal acredita ser Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, mulher de outro filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro, reforça ao longo da argumentação o presumível risco de vida que o antigo governante estaria a correr, pois, salienta-se no texto, a perseguição é comandada pela mais alta instância da justiça no Brasil, o STF. Perante a descoberta do comprometedor documento, um dos advogados de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, admitiu esta quinta-feira que o seu cliente recebeu a minuta, mas meramente como sugestão, e que em momento algum pensou em fugir do Brasil ou pedir asilo a outro país.

Ex-PR e um dos filhos acusados de coação e obstrução à Justiça

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Bolsonaro e um dos filhos, Eduardo Bolsonaro, foram indiciados pela Polícia Federal pelos crimes de coacção e tentativa de obstrução da justiça numa nova investigação, que concluiu que as ações de Eduardo nos EUA, que já provocaram sanções ao juiz Alexandre de Moraes e ao Brasil, têm como objetivo atrapalhar o julgamento do ex-presidente e que é o próprio Bolsonaro quem as financia.

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