Bolsonaro sobe o tom das ameaças e diz que "se for preciso" vai agir fora da Constituição

Há medida que tem perdido popularidade e reduzido as probabilidades de ser reeleito em 2022, o presidente brasileiro começou a insinuar poder dar um golpe de Estado,

Jair Bolsonaro Foto: Adriano Machado / Reuters
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Numa nova subida do tom das suas ameaças à Democracia, o presidente Jair Bolsonaro, que há medida que tem perdido popularidade e reduzido as probabilidades de ser reeleito em 2022 começou a insinuar poder dar um golpe de Estado, escancarou na noite desta quarta-feira que poderá, sim, violar as regras Constitucionais para se manter no poder.

A reação foi uma resposta à decisão do juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de incluir Bolsonaro no rol de investigados pelo tribunal no processo das chamadas "Fake News", que apura ataques contra a Democracia através do disparo em massa de notícias falsas.

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"Eu tenho jogado dentro das quatro linhas da Constituição, mas, se preciso for, também jogo com as armas do outro lado."-Ameaçou Jair Bolsonaro durante uma entrevista à Rádio Jovem Pan, criticando vivamente a decisão do magistrado.

O STF e o TSE, Tribunal Superior Eleitoral, têm sido os principais alvos dos cada vez mais ameaçadores ataques do presidente brasileiro, por serem os órgãos que o impediram até agora de se transformar num ditador, governando sem respeito às regras democráticas e às minorias. Por isso juízes que comandam investigações que o envolvem passaram a ser inimigos pessoais para Bolsonaro, que os ataca diretamente sem qualquer observância à harmonia e respeito que deve nortear a convivência entre poderes.

"O juiz Alexandre de Moraes me colocando no inquérito das fake news... Não fala fake news, não, fala inquérito da mentira, acusando-me de mentiroso. Isso é uma acusação gravíssima, ainda mais num inquérito que nasce sem qualquer embasamento jurídico. Ele (Alexandre de Moraes) abre, ele apura e ele pune."-Declarou o chefe de Estado acusando o magistrado de estar a agir fora da lei e não como juiz da mais alta instância e sim como opositor.

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Na verdade, o juiz Alexandre de Moraes, que já comanda outras investigações sobre suspeita de crimes praticados por Jair Bolsonaro, não incluiu o nome do presidente no inquérito sobre notícias falsas por iniciativa própria. Moraes atendeu a uma solicitação formal de outro tribunal, o Tribunal Superior Eleitoral, que segunda-feira passada instaurou um processo contra Bolsonaro por ataques ao sistema eleitoral e ameaça de impedir as presidenciais de 2022, que segundo as sondagens tem como favorito o ex-presidente Lula da Silva, e, simultaneamente, pediu ao Supremo Tribunal a inclusão do governante na investigação sobre a difusão de notícias falsas que tentam minar o regime democrático e promover uma forte convulsão social no Brasil que sirva de pretexto para uma acção de força para, alegadamente, garantir a retomada da ordem institucional.

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