Boris Johnson em tribunal por mentiras do Brexit
Ativista de 29 anos apresentou queixa contra o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros.
O favorito à sucessão de Theresa May no Partido Conservador e na chefia do governo britânico, Boris Johnson, terá de ir a tribunal responder a uma acusação de conduta imprópria no exercício de cargo público, por causa das mentiras na campanha para o referendo do Brexit, em 2016.
A queixa foi apresentada pelo Brexit Justice, grupo criado por um ativista de 29 anos e financiado em crowdfunding.
O grupo alega que o antigo mayor de Londres e ex-MNE mentiu repetidamente e enganou os britânicos ao afirmar durante a campanha "que o custo da permanência na União Europeia era de 350 milhões de libras por semana [cerca de 397 milhões de euros]".
Este valor astronómico e falso foi mesmo pintado num autocarro da campanha pelo Brexit, que venceria o referendo com 52% dos votos contra 48%.
Os defensores de Johnson acusam os promotores do processo de recorrerem a um artifício legal para fazer política. "Esta é a primeira vez na história jurídica inglesa em que a lei criminal é usada para regular o conteúdo e a qualidade do debate político", afirmou em tribunal, na semana passada, o jurista Adrian Darbishire.
Mas a juíza Margot Coleman, que avaliou o processo, considerou ontem "haver fundamentos para aceitar uma acusação por conduta imprópria".
A magistrada frisou ainda que o arguido "terá de se apresentar em tribunal para uma audiência preliminar, sendo depois o caso remetido para um Tribunal da Coroa, única instância competente para julgar delitos como estes".
A próxima audiência, já com a presença de Johnson, acontecerá dentro de três a quatro semanas.
Se a defesa não conseguir o arquivamento do caso, este passa para um Tribunal da Coroa, mas um eventual julgamento não acontecerá antes de seis meses, altura em que Johnson poderá já ser primeiro-ministro.
PORMENORES
Bercow nega saída
O já famoso presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, negou ontem que esteja à beira de deixar o cargo, malogrando as esperanças dos defensores do Brexit, que o encaram como um opositor à saída do Reino Unido da UE.
Novo referendo escocês
O governo escocês da primeira-ministra Nicola Sturgeon definiu novas regras para a realização de referendos. A intenção é preparar o terreno para a realização de uma nova consulta separatista na segunda metade de 2020, se o parlamento britânico der autorização para tal.
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