Brasil admite limitar número de entradas no país
Êxodo de venezuelanos “ameaça destabilizar toda a região”, avisa Temer.
O presidente brasileiro, Michel Temer, autorizou a mobilização de militares das Forças Armadas para reforçar a segurança na fronteira com a vizinha Venezuela e ajudar a controlar o êxodo de refugiados venezuelanos para o Brasil. Temer admitiu ainda limitar o número de refugiados autorizados a entrar por dia no país.
"Hoje entram 700 pessoas por dia. Pensamos colocar senhas para entrarem 100, 200 pessoas por dia e controlar essas entradas" disse esta quarta-feira o presidente brasileiro, esclarecendo que as Forças Armadas vão garantir mais segurança na região e evitar novos confrontos como os já ocorridos entre refugiados venezuelanos e brasileiros na região de Pacaraima, a cidade brasileira por onde entra a maioria dos refugiados.
Temer, que tem negado insistentes pedidos do governo regional de Roraima para fechar temporariamente a fronteira com a Venezuela, avançou ainda que, além do envio dos militares, o governo central vai adotar outras medidas para desafogar os serviços públicos locais, nomeadamente na pequena localidade de Pacaraima e em Boa Vista, a capital do estado, completamente sufocados com a presença de dezenas de milhares de refugiados provenientes do país vizinho.
O presidente brasileiro criticou ainda o homólogo da Venezuela, Nicolás Maduro, a quem acusou de estar a "destabilizar toda a América do Sul" ao deixar o seu país e o seu povo chegarem a uma situação de caos generalizado e miséria.
"Há um ano e meio oferecemos ajuda humanitária e o governo da Venezuela recusou. Agora, os venezuelanos vêm para cá", afirmou o presidente brasileiro, reforçando: "A onda migratória em Roraima é resultado das péssimas condições de vida a que está submetido o povo venezuelano. É isso que cria esta trágica situação, que hoje afeta quase toda a América do Sul".
PORMENORES
150 mil refugiados
Apesar de não existirem números oficiais, estima-se que, desde 2015, mais de 150 mil venezuelanos tenham entrado no Brasil em busca de uma vida melhor, 50 mil dos quais já durante o corrente ano.
Caos na saúde
O caos é total na área da saúde em Pacaraima, a cidade fronteiriça por onde entram os refugiados venezuelanos. Além destes e dos 14 mil habitantes normais, as unidades de saúde de Pacaraima têm ainda de atender mais de 60 mil pessoas que vivem na vizinha Santa Helena, do lado venezuelano, onde falta tudo.
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