Brasil convoca diplomata dos EUA após defesa enfática de Bolsonaro e críticas ao Supremo

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Brasil (Itamaraty), convocou o Encarregado de Negócios dos Estados Unidos em Brasília, Gabriel Escobar, para dar explicações sobre ataques ao sistema judiciário brasileiro e à defesa enfática de Jair Bolsonaro feita por Donald Trump e pelo Departamento de Estado norte-americano esta semana. A convocação de um diplomata para se explicar ao governo do país é uma das formas mais sérias de um governo evidenciar insatisfação com posicionamentos de outro, e Escobar foi convocado porque Trump ainda não nomeou um embaixador para o Brasil.

Esta quarta-feira, a Embaixada dos EUA na capital brasileira emitiu um comunicado afirmando que o julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado é vergonhoso, tal como a perseguição que a representação diplomática afirma estar a ser feita também a familiares e seguidores do antigo governante. Segundo o texto, enviado à imprensa de todo o Brasil, a perseguição implacável feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a Jair Bolsonaro é intolerável e rompe com as práticas democráticas que o Brasil segue há anos.

O comunicado da embaixada norte-americana reproduz outro comunicado, este do Departamento de Estado dos EUA, com o mesmo teor. E segue a campanha iniciada segunda-feira pelo próprio presidente Donald Trump de defesa de Bolsonaro e de ataques ao STF, principalmente ao juiz Alexandre de Moraes, relator dos processos contra o ex-chefe-de-Estado naquele tribunal.

Em diversas publicações na segunda e na terça-feira, Donald Trump disse que Jair Bolsonaro foi um grande presidente, que não é culpado de nada daquilo de que é acusado e que, na verdade, o que Alexandre de Moraes e o STF estão a fazer é uma caça às bruxas. E Trump terminou nos dois dias as suas publicações exigindo que Moraes e o tribunal deixem Jair Bolsonaro em paz.