Cancelado voo Viena-Moscovo por falta de autorização da Rússia

Pedido de redirecionamento para evitar o espaço aéreo bielorrusso foi negado.

27 de maio de 2021 às 16:57
Passageiros da Austrian Airlines em Viena Foto: Getty Images
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A companhia aérea Austrian Airlines indicou ter cancelado o voo de hoje de Viena para Moscovo devido à falta de autorização da Rússia a um pedido de redirecionamento para evitar o espaço aéreo bielorrusso.

"As autoridades russas não nos deram autorização [para contornar a Bielorrússia]. Por isso, tivemos de cancelar o voo de hoje entre Viena e Moscovo", referiu a companhia aérea austríaca, num comunicado, citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP).

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O Ministério dos Transportes austríaco também confirmou à AFP o cancelamento do voo.

"Segundo as informações que dispomos, o redirecionamento do voo não foi aprovado pelas autoridades russas", disse o Governo austríaco, enquanto o Ministério dos Transportes da Rússia, também contactado pela AFP, escusou-se a comentar.

Questionado sobre um possível bloqueio do espaço aéreo russo, o grupo alemão Lufthansa, a "casa-mãe" da Austrian Airlines, afirmou que "todas as empresas" do grupo estão já a evitar o espaço aéreo bielorrusso e que os voos regulares com a Rússia se mantêm.

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A Austrian Airlines adiantou ter suspendido o sobrevoo do espaço aéreo bielorrusso até novo aviso devido a uma recomendação da Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA), disse a empresa. 

Por isso, acrescentou a companhia aérea austríaca, foi necessário ajustar a rota dos voos entre Viena e Moscovo, que tem de ser aprovada pelas autoridades russas, que não o fizeram. 

Na quarta-feira, um voo da Air France entre Paris e Moscovo já tinha sido cancelado pelos mesmos motivos.

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Na segunda-feira, no Conselho Europeu, os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) decidiram avançar com proibições e sanções contra o regime bielorrusso.

Na ocasião, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, declarou que os 27 "não toleram que tentem jogar à roleta russa com vida de civis", condenando o desvio, domingo, de um voo comercial para deter um jornalista bielorrusso.

Na noite desse mesmo dia, a UE adotou sanções contra a Bielorrússia, fechando o seu espaço aéreo para aviões daquele país e exortando todas as companhias aéreas a evitar os céus da Bielorrússia, tendo a EASA tomado idêntica medida dois dias depois.

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Bielorrússia é acusada de ter desviado, no domingo, um avião da companhia aérea irlandesa Ryanair para Minsk, a fim de deter o opositor bielorrusso Roman Protasevich, de 26 anos, que estava a bordo.

Várias instituições e países do Ocidente condenaram já a ação das autoridades bielorrussas, que asseguram ter agido dentro da legalidade ao intercetar o voo comercial, argumentando que havia uma ameaça de bomba feita pelo grupo palestiniano Hamas.

Também quarta-feira, o Presidente bielorrusso respondeu com ameaças às sanções europeias e acusou o Ocidente de liderar uma "guerra gélida" contra o país, que poderá transformar-se "numa nova guerra mundial". 

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"Estamos na primeira linha de uma nova guerra, já não fria, mas gélida", afirmou Alexander Lukashenko numa intervenção perante o parlamento bielorrusso, citado pela agência noticiosa oficial local Belta.

Para o Presidente bielorrusso, foi "aberta uma guerra híbrida, a vários níveis" contra o país, cujo objetivo é "demonizar" a Bielorrússia.

"Somos um pequeno país, mas responderemos adequadamente. Há exemplos parecidos no mundo. Mas, antes de se agir sem pensar, há que recordar que a Bielorrússia é o centro da Europa e que, se aqui estalar algo, será uma nova guerra mundial", avisou.

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Lukashenko sublinhou que, diante de uma qualquer sanção, ataque ou provocação, a Bielorrússia "responderá com dureza", avisando que o Ocidente "não está a deixar outra opção".

"Vamos compensar as sanções com ações ativas noutros mercados. Vamos substituir a Europa, inexoravelmente envelhecida, pela Ásia, em rápido crescimento. A nossa sociedade está pronta para se tornar a nova Eurásia, o posto avançado da nova Eurásia", acrescentou. 

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