Cerca de 49 moradores de prédio que desabou no Brasil continuam desaparecidos

Corpo dos Bombeiros mantém-se a realizar buscas.

Prédio em chamas desaba no Brasil Foto: Direitos Reservados
Brasil, prédio, desabamento, são paulo Foto: Eduardo Martins/Arquivo CM

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Na tarde desta quarta-feira, pelo menos 49 moradores do prédio de 26 andares que desabou na madrugada de terça-feira após ser consumido por um violento incêndio ainda estavam desaparecidos. A informação foi avançada pelo Corpo de Bombeiros, que continua a realizar intensas buscas no meio das toneladas de escombros em que se transformou o edifício, invadido há anos por famílias carenciadas.

De acordo com a corporação, o desaparecimento destes moradores não significa necessariamente que estejam soterrados no local. No meio do pânico generalizado provocado pelo incêndio, estes podem ter fugido para casa de familiares e conhecidos e não terem tido a oportunidade de contactar com outros moradores ou, ainda, de regressarem ao local da tragédia para informarem as autoridades de que estão vivos e seguros. 

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Oficialmente, há apenas uma vítima da tragédia, um homem de aproximadamente 30 anos conhecido como Ricardo ou "Tatuado", que estava a ser resgatado pelos bombeiros quando o prédio desabou. Ricardo tinha conseguido sair ileso do imóvel, mas voltou para salvar quatro crianças que pediam socorro numa janela, e, depois de as salvar, entrou novamente no edifício para verificar se havia mais pessoas em risco.

A maioria dos moradores saiu do edifício, localizado na esquina da Rua António de Godoy com o Largo do Paissandu, no centro antigo da cidade, apenas com a roupa que tinha vestida, não conseguindo retirar nem documentos, telemóveis ou outros pertences. Esta quarta-feira, boa parte dos 372 moradores inscritos no edifício continuava na praça, para onde dava uma das fachadas do imóvel, aglomerando-se em redor da igreja católica que existe no meio do Largo do Paissandu.

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Estes passaram a segunda noite ao relento, dormindo em colchões doados por cidadãos anónimos ou entidades não governamentais, e alimentando-se igualmente com produtos doados por uma verdadeira multidão de pessoas que se solidarizou com eles e não para de deixar doações. A maioria desses moradores não aceitou ir para abrigos públicos oferecidos pela Câmara Municipal, alegando que tais locais são como prisões e que não querem misturar-se com os "sem abrigo" e tóxico-dependentes que ali costumam pernoitar.

Os mesmos temem que sejam esquecidos pelas autoridades ao irem para um desses locais, como alegam ter acontecido com vítimas de outras grandes tragédias ocorridas na cidade em outras ocasiões. Os sobreviventes reforçam ainda que, ficando no local, um dos pontos mais movimentados da cidade e sob o olhar da imprensa, têm mais probabilidades de conseguir apoio das autoridades, nomeadamente recursos financeiros e uma casa social.

A tragédia

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As labaredas foram tão altas, tal como a temperatura, que os bombeiros afirmam ter ultrapassado os 700 graus, que edifícios no outro lado da rua também começaram a arder. Vários deles sofreram danos significativos e estão a ser monitorizados pelos bombeiros e pela Proteção Civil.

Na tarde desta quarta-feira, mais de 36 horas após a tragédia, os bombeiros ainda jogavam rios de água sobre os escombros na tentativa de os arrefecerem e poderem fazer a sua remoção de forma manual. Os soldados da paz não querem usar máquinas pesadas pelo menos até amanhã, quinta-feira, na esperança, cada vez mais vã, de encontrar sobreviventes.

Inaugurado em 1968 como um dos edifícios mais elegantes de São Paulo, o prédio abrigou inicialmente escritórios de grandes empresas mas a pouco e pouco foi sendo abandonado, até passar para a posse do governo central do Brasil, que ali instalou a Polícia Federal e, durante algum tempo, o Instituto Nacional de Segurança Social.

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Depois de ficar mais uma vez devoluto, o enorme imóvel foi ocupado há alguns anos por um suposto movimento popular de luta por habitação, que cobrava de famílias pobres até 150 euros por divisão, onde os moradores improvisavam divisórias com materiais recicláveis para separarem a sua "casa" das dos outros vizinhos com quem dividiam a mesma sala em condições absolutamente sub-humanas. 

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