Cerca de 800 civis refugiados numa fábrica em Severodonetsk, segundo a direção
Combates entre as forças ucranianas e russas decorrem há vários dias na região do Donbass.
Cerca de 800 civis estão refugiados numa fábrica de produtos químicos em Severodonetsk, na região do Donbass, onde há vários dias decorrem combates entre as forças ucranianas e russas, revelou esta terça-feira o advogado do proprietário do local.
Lanny Davis, advogado do magnata ucraniano Dmytro Firtach, explicou que "cerca de 800 civis refugiaram-se nos abrigos da fábrica de produtos químicos Azot".
"Entre esses 800 civis estão cerca de 200 dos 3.000 funcionários da fábrica e cerca de 600 moradores de Severodonetsk", acrescentou.
Contactada pela agência France-Presse (AFP), a presidência ucraniana ainda não tinha confirmado esta informação até ao final da tarde desta terça-feira.
Segundo o comunicado divulgado no 'site' do Grupo DF, os 200 funcionários ainda presentes no local "permanecem (...) para garantir a proteção dos produtos químicos altamente explosivos" que se encontram na fábrica.
A fábrica de Azot está localizada em Severodonetsk, o epicentro dos combates na região do Donbass, formada pelos territórios de Lugansk e Donetsk, que a Rússia disse que ia libertar quando invadiu a Ucrânia há mais de três meses.
Moscovo disse na manhã desta terça-feira que tinha "libertado completamente" áreas residenciais naquela cidade e assumido o controlo de 97% da região de Lugansk, depois do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter garantido na segunda-feira que os combatentes ucranianos estavam "a manter" as suas posições.
Se confirmada, esta conquista russa seria significativa, uma vez que eliminaria um último obstáculo à cidade simbólica de Sloviansk e a Kramatorsk, a capital da região de Donetsk controlada pela Ucrânia.
Também o governador ucraniano de Lugansk, Serhiy Haidai, admitiu que as forças russas controlam a periferia industrial de Severodonetsk, mas disse que as forças de Kiev continuam a repelir os ataques.
Dmytro Firtach, de 57 anos, uma das pessoas mais ricas da Ucrânia, é próximo do ex-presidente ucraniano pró-Rússia Viktor Yanukovych.
Em junho de 2021, Volodymyr Zelensky assinou um decreto que impôs sanções ao magnata, inclusive determinando o congelamento dos seus bens e a retirada de licenças das suas empresas, após acusá-lo de vender produtos de titânio a empresas militares russas.
No entanto, Dmytro Firtach condenou a invasão russa no final de fevereiro e ajudou a estabelecer um canal de televisão contínuo com a administração presidencial e outros donos de canais televisivos.
"Esta guerra é completamente desnecessária e não pode de forma alguma ser justificada. Esta tragédia humanitária é intolerável", realçou esta terça-feira o magnata, citado na nota de imprensa.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga quase 15 milhões de pessoas de suas casas - mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,9 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou esta terça-feira que 4.253 civis morreram e 5.141 ficaram feridos na guerra, que entrou esta terça-feira no seu 104.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt