Cidade de São Paulo regista temperaturas mais baixas em décadas. Termómetros ficaram abaixo dos zero graus
Previsões meteorológicas apontam para uma nova onda de calor intenso na cidade já a partir de sexta-feira.
A maior cidade do Brasil, São Paulo, onde há quatro dias, dependendo da região, o calor era de 33, 35 graus, registou esta terça-feira, 27 de agosto, as temperaturas mais baixas em décadas, tendo os termómetros ficado abaixo de zero em vários bairros da zona sul. E na verdadeira montanha russa de temperaturas provocada pelas mudanças climáticas, as previsões meteorológicas apontam para uma nova onda de calor intenso na cidade já a partir de sexta-feira, dia 30, afetando, e muito, o organismo e a saúde dos seus 12,5 milhões de habitantes.
o bairro de Parelheiros, no extremo da zona sul, os termómetros do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) registaram dois graus abaixo de zero esta madrugada, algo impensável poucos anos antes num país tropical e numa cidade que costuma ter uma temperatura bem mais confortável mesmo no Inverno, estação que se vive atualmente no Brasil. No bairro Engenheiro Marcilac, vizinho a Parelheiros, os termómetros da autarquia marcaram 1,7 graus abaixo de zero e na Capela do Socorro, outro bairro na zona sul da cidade, um grau, também negativo.
Às três horas da madrugada, em Itaquera, populoso bairro no extremo leste da capital paulista, a 56 km de Parelheiros e tradicionalmente uma região mais quente devido à reduzida arborização, os termómetros marcavam somente três graus. No centro da cidade, mesmo repleto de enormes arranha-céus, a temperatura a essa hora era de 3,8 graus, uma temperatura desesperadamente baixa principalmente para os milhares de "sem abrigo" que vivem nas ruas da região.
Às 7 horas da manhã, já com o sol, meramente cenográfico, já alto, a temperatura oficial registada no termómetro principal do CGE, no bairro de Santana, zona norte da cidade, era de 5,7 graus positivos. Só essa temperatura, a que vai constar como a temperatura mínima oficial da cidade no dia de hoje, já é a mais baixa verificada por instrumentos desde 1999, há 25 anos.
Numa tentativa bastante válida, mas claramente insuficiente, todos os abrigos da edilidade paulista disponibilizaram a sua capacidade máxima de vagas para quem quisesse passar a noite, e uma estação do Metro, a do Parque D. Pedro, no centro antigo, também abriu as portas para acolher e dar uma refeição quente a pessoas sem tecto. Mas a capacidade total desses abrigos passa pouco das 14 mil vagas, e o último censo realizado por uma universidade revelou que mais de 80 mil pessoas, incluindo famílias inteiras com muitas crianças e idosos, vivem atualmente ao relento em ruas de São Paulo, em barracas improvisadas com plásticos e lençóis, ou simplesmente dormindo em cima de papelões e tentando sobreviver enroladas em cobertores distribuídos por cidadãos anónimos voluntários.
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