Aliados de Hugo Chávez gastaram 10 milhões em luxo

Empresário e políticos venezuelanos suspeitos de corrupção gastaram fortunas em jóias, vinhos e hotéis.

15 de dezembro de 2017 às 19:07
Rafael Ramirez com Nicolas Maduro, nos tempos em que eram aliados Foto: Getty Images
Rafael Ramirez, ex-ministro do Petróleo da Venezuela, discursa com imagem Chavéz em fundo Foto: Getty Images
Rafael Ramirez, ex-ministro do Petróleo da Venezuela, com Hugo Chavéz, em 2013 Foto: Getty Images

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O jornal espanhol El Pais publica esta sexta-feira um artigo em que detalha as vidas de luxo de empresários e ministros que serviram Hugo Chávez ao longo de uma década. Investigados pela justiça venezuelana e pela polícia de Andorra - principado dos Pirinéus onde está sediado o banco usado para ocultar o dinheiro - o grupo de pelo menos dez pessoas terá gasto mais de 10 milhões de euros entre 2002 e 2012. Relógios, obras de arte, hóteis, vinhos e viagens fazem parte das listas de despesas de homens que estiveram na linha da ferente do apoio político e económico a Hugo Chávez, o  ex-presidente da Venezuela, que morreu em 2013.

Um dos nomes que salta à vista na investigação do El Pais é o de Diego Salazar, primo de uma das figuras mais importantes do chavismo. Trata-se de Rafael Ramírez , antigo ministro de Energia e Petróleo e líder da empresa estatal Petróleos de Venezuela até 2014. Ramirez esteve mais de 12 anos na empresa que foi a galinha de ovos de ouro de Chávez. Agora é suspeito de ter desviado fortunas.

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Conta o períódico, que teve acesso a faturas e documentos contabilísticos, que Salazar - detido no início deste mês por ordem do Ministério Público venezuelano, gosta muito de vinho. Mas não de qualquer vinho  - os documentos mostram que, em dezembro de 2012 comprou centenas de garrafas de Pomerol Petrus, colheita de 1990. Um afamado vinho francês de Bordéus, com um preço estimado a rondar os 5 mil e 500 euros por garrafa. Numa compra de uma loja parisiense, Diego Salazar pagou 493 mil euros por garrafas de Petrus e outros néctares exclusivos, como champagne Dom Perignon.

À dupla Salazar e Ramírez somam-se os nomes de outro ex- ministro da Energia e Petróleo da Venezuela, Nervis Villalobos. Ou de Luiz Mariano Rodríguez, sócio de Salazar. São suspeitos e fazerem parte de um esquema que passava pela cobrança de subornos milionários a empresas estrangeiras que queriam negociar com a empresa estatal Petróleos de Venezuela, da qual também terão sido desviadas quantias colossais. Pelo menos 2 mil milhões de euros que são implicados ao grupo foram detetados nas contas do Banco Privado de Andorra, alvo de denúncias de lavagem de dinheiros de grupos criminosos de vários países.

O rol de despesas dos primos Salazar e Rodríguez impressiona: ao longo dos anos , gastaram 3 milhões de euros em jóias, dois milhões em obras de arte, um milhão em vinho e mais de 500 mil em aluguer de helicópteros. Entre as jóias, Salazar revela uma predileção por relógios. Os documentos mostram que, em 2011, comprou 109 máquinas, entre as quais modelos da Rolex e Cartier, pela quantia de 1,7 milhões de euros.

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As contas de hotéis também dão nas vistas. Em dez anos, Salazar terá gasto 575 mil euros em estadias no luxuoso hotel Ritz de Paris. Só em aluguer de limousines, gastou 34 mil euros. Conta o El País que, numa só noite no bar do hotel Ritz, Salazar pagou uma conta de 6,2 mil euros.

A complexa trama investigada na Venezuela e Andorra revela o rasto de Salazar e Rodríguez em empresas, bancos e sociedades financeiras com sede no Panamá. Só em Andorra, foram descobertas contas no valor total de 2 mil milhões de euros. Serviriam de testas de ferro de um esquema que envolve políticos e empresários venezuelanos.

Alvo é figura central do Chavismo

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O Ministério Público da Venezuela anunciou na semana passada, depois da detenção de Salazar, que abriu uma investigação contra o primo, Rafael Ramírez. O antigo ministro de Energia e Petróleo liderou a Petróleos de Venezuela entre 2004 e 2014 cargo que acumulou com o Ministério da Energia e Petróleo durante cerca de 10 anos. Até há ao final de dezembro, era embaixador da Venezuela na ONU. Foi um dos maiores aliados políticos de Hugo Chávez.

É tido agora como alvo a abater pelo presidente Nicolas Maduro, que estará a fazer uma limpeza no seu campo político para aparecer mais forte nas eleições que se realizam no próximo ano.

Outros antigos titulares do Ministério de Energia e Petróleo, como Javier Alvarado Ochoa, também são referidos nas investigações. No final de novembro, já tinham sido detidas outras figuras ligadas ao negócio da energia: o ex-ministro do Petróleo Eulogio del Pino e o ex-presidente da DVSA, Nelson Martínez.

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