Crise na Venezuela pode afetar equilíbrio do mercado de petróleo
País América do Sul possui as maiores reservas de petróleo bruto do mundo.
O ministro saudita da Energia, Khaled al-Falih, considerou esta segunda-feira que a crise na Venezuela pode afetar o equilíbrio do mercado de petróleo, segundo um comunicado ao canal de notícias saudita Al-Arabiya.
"Os acontecimentos na Venezuela podem ter um efeito sobre o mercado de petróleo", indicou Khaled al-Falih sobre os efeitos da crise política, entre o chefe de Estado venezuelano Nicolás Maduro e o seu opositor Juan Guaidó que se autoproclamou Presidente interino do país.
"Estamos a acompanhar os desenvolvimentos políticos lá [na Venezuela] (...) que podem ter um efeito no equilíbrio do mercado" de petróleo, explicou o ministro saudita, cujo país é o maior exportador de petróleo do mundo.
Khaled al-Falih discursou à margem de um fórum organizado em Riade, capital da Arábia Saudita, sobre o desenvolvimento da indústria e infraestruturas do petróleo.
Segundo a agência de notícias France-Presse, a produção de petróleo na Venezuela caiu drasticamente nos últimos meses, passando de mais de dois milhões de barris por dia para cerca de 1,4 milhões de barris por dia.
A Venezuela possui as maiores reservas de petróleo bruto do mundo mas é principalmente de petróleo pesado cuja extração e transformação é dispendiosa.
No final de 2018, os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e produtores não membros do cartel decidiram reduzir a produção em 1,2 milhões de barris por dia para suportar a descida dos preços.
O acordo de seis meses entrou em vigor no início de janeiro.
Falih referiu esta segunda-feira que a OPEP irá reunir-se em março para avaliar o impacto dessa redução na produção sobre os preços, acrescentando que em princípio esta organização também deve reunir-se em abril e em junho para anunciar se o acordo sobre os cortes na produção será prolongado.
Juan Guaidó autoproclamou-se na quarta-feira Presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.
Os Estados Unidos, Canadá e a maioria dos países da América Latina, à exceção de Bolívia, Cuba e Nicarágua -- que se mantêm ao lado de Maduro, que consideram ser o Presidente democraticamente eleito da Venezuela -, já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela. Rússia, China, Turquia e Irão manifestaram também o seu apoio a Nicolas Maduro.
A União Europeia defendeu a legitimidade democrática do parlamento venezuelano, sublinhando que "os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo do seu Presidente, Juan Guaidó, devem ser plenamente respeitados" e instando à "abertura imediata de um processo político que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional".
Da parte do Governo português, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, defendeu na sexta-feira que "ou Maduro aceita eleições, ou a UE reconhece Guaidó".
A Venezuela, país onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
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