Deputada de São Paulo alerta Bolsonaro que militares o vão derrubar se decretar fim do isolamento social
Janaína Paschoal fez o aviso em resposta a uma publicação do presidente brasileiro em que este comentava as quarentenas adotadas no país.
A deputada regional de São Paulo. Janaína Paschoal, aliada de Jair Bolsonaro desde a primeira hora mas que tem criticado a postura do presidente face à pandemia de coronavírus, alertou publicamente o Chefe de Estado que as Forças Armadas poderão derrubá-lo do cargo se o governante cumprir a ameaça de acabar por decreto com as medidas de isolamento adotadas por governadores e autarcas em todo o Brasil.
Janaína, co-autora do processo de impeachment que em 2016 levou ao afastamento da então presidente Dilma Rousseff, fez o aviso diretamente a Bolsonaro em resposta a uma publicação do presidente em que este atacava, mais uma vez, as quarentenas adotadas em várias regiões do Brasil e que o Chefe de Estado quer acabar.
"Se o senhor não parar com essas publicações, os militares vão para as ruas tirar o senhor, com base no artigo 142 da Constituição Federal. O meu povo sofrendo e o senhor fazendo graça... Pelo amor de Deus, amadureça", escreveu Janaína Paschoal, eleita em 2018 a deputada mais votada de toda a história do Brasil, em resposta a um vídeo partilhado por Bolsonaro numa das suas redes sociais, direcionando críticas aos governantes regionais que adotaram o distanciamento social nos seus estados e cidades como forma de atenuarem o ritmo de crescimento de casos de doronavírus.
No vídeo, uma mulher que se diz professora e que fala diretamente com Jair Bolsonaro à saída do Palácio da Alvorada, a residência oficial em Brasília, pede ao presidente para "pôr as tropas nas ruas" contra o isolamento que governadores e autarcas adotaram e que, segundo ela, está a destruir tudo o que o presidente supostamente já conseguiu de melhorias para o Brasil. Bolsonaro, depois de concordar com a alegada docente, inclusive com o pedido de "pôr as tropas nas ruas", o que significaria uma rutura institucional através de um golpe de Estado, responde que ela está certa e que o pensamento dela reflete o que pensam milhares de brasileiros.
Há dois dias atrás, Bolsonaro, que desde o início da pandemia que já matou tantas pessoas pelo mundo, entre elas mais de 370 brasileiros, nega a gravidade da situação e diz que o coronavírus, se fizer realmente mal a alguém, causará apenas uma "gripezinha", ameaçou assinar um decreto presidencial acabando com as medidas de isolamento em todo o Brasil. Para Bolsonaro, o distanciamento social foi decretado por governadores e autarcas que tentam com essas medidas restritivas atingir o governo dele, e o chefe de Estado disse ter na sua frente, pronto para assinar, um decreto permitindo a volta da população ao trabalho, pois, sempre acrescenta ao falar no assunto, não adianta salvar vidas se as pessoas depois do coronavírus não vão ter emprego.
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